Economia

Ata do Copom foi balde de água fria? Veja a avaliação de 3 economistas e o que esperar da Selic

06 fev 2024, 15:40 - atualizado em 06 fev 2024, 15:40
Copom
Ata do Copom indica próximos cortes de 0,50 ponto percentual na Selic (Imagem: Yauhen Akulich/Canva Pro)

Nesta terça-feira (6) o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 30 e 31 de janeiro.

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Na ocasião, o Comitê reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), levando a taxa básica de juros para 11,25% ao ano. A decisão não pegou o mercado de surpresa, uma vez que os diretores do BC já haviam dado pistas sobre a decisão em atas anteriores.

Para próximo encontro, o mercado já pode esperar o mesmo. O texto afirma que, para “próximas reuniões”, uma redução de mesma magnitude ainda é apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O plural pode ser entendido, segundo já apontado por Roberto Campos Neto, como duas reuniões à frente.

Ata do Copom jogou balde de água fria?

Na avaliação de Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, o texto não trouxe alterações na discussão sobre a condução da política monetária e na sinalização dos próximos passos.

O economista destaca que o tom da ata pode ser vista como levemente mais hawkish (dura), dado que a avaliação dos cenários e análise de riscos revela, na margem, uma maior preocupação com a dinâmica recente da inflação de serviços, a aceleração dos rendimentos reais, a possibilidade de atenuação de desaceleração da atividade e um cenário internacional que segue volátil e incerto, demandando cautela.

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Para ele, não há qualquer indicação de aceleração do ritmo de ajuste monetário. “Consideramos que, na medida em que se avança no ciclo de relaxamento monetário, a discussão sobre uma eventual aceleração do ritmo perderá ainda mais força, com o debate se centrando no patamar da taxa Selic terminal”, defende.

Em linha, Marco Antonio Caruso, economista-chefe do PicPay, pontua que ata trouxe diversas discussões novas sobre o balanço de riscos para o PIB e para a inflação.

“Na nossa visão, o documento é neutro por não terem mudado a visão para PIB e inflação. No entanto, o Comitê está aumentando as discussões sobre o balanço de riscos e parece um pouco mais preocupado com a desinflação a partir daqui”, pondera.

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Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, complementa que a principal novidade foi a introdução de uma discussão mais profunda sobre a dinâmica recente do mercado de trabalho.

“Existe um grande debate atualmente sobre se as reformas (principalmente a trabalhista) e as mudanças pós-pandemia, como a adoção do trabalho via home office, alteraram a NAIRU (taxa natural de desemprego)”, aponta

Para ele, estes aspectos, junto da condução da política monetária norte-americana, são pontos-chave para determinar o quão baixa poderá ser a Selic terminal ao final do ciclo desse ciclo de cortes.

O que esperar para o futuro da Selic?

Sobre o ciclo total de flexibilização, a ata do Copom enfatiza que a magnitude dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.

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“O Comitê percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”, apontou o documento.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, marcou presença nesta terça-feira (6) no CEO Conference, evento organizado pelo BTG Pactual, onde destacou que a desinflação brasileira está dentro do previsto pela autoridade monetária, mas que os núcleos de serviços estão marginalmente altos.

Além disso, ele apontou que é difícil pensar em uma convergência para metas de inflação sem a queda dos preços de serviços. Agora, se as expectativas se mantiverem mais equilibradas, isso proporciona a possibilidade de mais cortes de juros.

O presidente do BC ainda disse que o objetivo da autoridade monetária é encerrar o ciclo de corte de juros com a Selic no menor patamar possível. No entanto, o Banco Central não quer levar a taxa para um nível que comprometa a estabilização da inflação.

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* Com Juliana Caveiro e Juliana Américo

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.