Ata do Fomc: Defensores de corte de juros nos EUA não veem impacto persistente da tarifa na inflação

Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, sigla em inglês) que defenderam o início do afrouxamento monetário, na reunião de julho, argumentam que é improvável que as tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump tenham efeitos persistentes sobre a inflação.
Michelle Bowman e Christopher Waller votaram em um corte de 0,25 ponto percentual nos juros de referência dos Estados Unidos (EUA), à contramão dos demais diretores. Foi a primeira vez desde 1993 que mais de um diretor discordou de uma decisão de política monetária.
Na ata do último encontro do Fomc, eles pontuam ainda que a inflação está próxima da meta de 2%. O índice de preços (PCE) do país foi de 2,6% em 12 meses, na leitura de junho.
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Os dissidentes também avaliam que o risco de queda para o emprego aumentou “significativamente”, com a desaceleração do crescimento da atividade econômica e dos gastos do consumidor.
Além disso, segundo eles, dados recentes apontam para um enfraquecimento das condições do mercado de trabalho, incluindo baixos níveis de ganhos na folha de pagamento privada e a concentração de ganhos na folha de pagamento em um conjunto restrito de setores menos afetados pelo ciclo econômico.
Em julho, foram criados muito menos empregos do que o esperado e o desemprego aumentou. Mais preocupante, porém, foi uma revisão histórica das estimativas nos dois meses anteriores, que eliminou mais de um quarto de milhão de empregos que se acreditava terem sido gerados em maio e junho.
Os votos de Bowman e Waller, no entanto, foram minoria na ocasião e o Federal Reserve (Fed) manteve os juros dos EUA estáveis no patamar de 4,25% a 4,50% ao ano.
Os demais membros afirmam que, embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, os indicadores sugerem que o crescimento da atividade econômica havia se moderado no primeiro semestre do ano.
Eles concordam que a taxa de desemprego permaneceu em um nível baixo e as condições do mercado de trabalho seguem sólidas.
Em relação à inflação, os diretores concordam que os preços estão “relativamente elevados”.
As autoridades avaliam que os efeitos das tarifas mais altas se tornaram mais aparentes em alguns preços de bens, mas que o efeito geral sobre a economia e a inflação ainda não foi percebido, segundo a ata.
Olhando para o futuro, os participantes observam que poderão enfrentar decisões difíceis se a inflação elevada se mostrar mais persistente e as perspectivas do mercado de trabalho enfraquecerem.
“Os membros concordaram que a incerteza sobre as perspectivas econômicas permaneceu elevada e que o Comitê estava atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato”, dizem na ata.