Até onde pode ir o Ibovespa, na visão do ASA, e quais os riscos que a eleição traz
Nos últimos meses, parece que nada será capaz de frear o Ibovespa. Durante evento com jornalistas nesta quarta-feira (3), o head de investimentos do ASA, Rogerio Freitas, reforçou a visão otimista.
Porém, ele avalia que há, sim, um fator capaz de interromper esse rali: as eleições presidenciais do ano que vem. Segundo o executivo, em um cenário de mudança de política econômica, o ASA, instituição financeira de Alberto Safra, projeta que o Ibovespa pode alcançar os 300 mil pontos no fim de 2026 ou 2027.
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Isso porque, o “calcanhar de Aquiles” do Brasil é o crescimento do gasto público, um dos pilares da gestão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Num cenário de alternância de governo, a consequência seria uma política monetária mais ‘civilizada’”, avaliou Freitas.
Assim, os ativos seriam impulsionados pela redução da taxa de juro real, que poderia cair entre cinco e seis pontos percentuais, na visão do executivo. Para ele, essa queda faria com que ativos de longa duração, como a bolsa brasileira e os títulos NTN-B longos, atrelados à inflação, se valorizassem.
Freitas avalia que, mesmo com a ausência de mudança políticas, a bolsa ainda pode sustentar uma alta. Porém, a valorização seria limitada, ficando a reboque dos mercados internacionais.
Efeito mola no Ibovespa: a ajudinha dos mercados internacionais
O ambiente externo favorável vem se mostrando um grande amigo da valorização dos mercados de países emergentes. O rali do Ibovespa visto nos últimos meses é, em grande parte, uma amostra dessa ajudinha do cenário internacional.
Com a perspectiva de queda dos juros dos Estados Unidos, os investidores estrangeiros estão com o apetite renovado para ativos de risco.
Segundo, Charles Ferraz, head de investimentos globais do ASA e que também estava presente no evento, a perspectiva para 2026 é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deva seguir reduzindo a taxa de juros por lá, o que tende a enfraquecer o dólar e fortalecer os mercados emergentes.
Freitas reforça a tese e avalia que a busca de ativos de risco também será impulsionada pela “repressão financeira”, ambiente em que os governos pressionam a redução dos juros para reduzir a dívida pública.
Segundo o executivo, os sinais da repressão financeira já estão dando as caras e costumam prejudicar os investidores de renda fixa. Como os mercados costumam antecipar esses movimentos, os investidores já estão em busca de ativos que ofereçam retornos maiores.
O ASA acredita que os países emergentes, como o Brasil, devem continuar a se beneficiar deste cenário global até o fim do primeiro semestre de 2026.
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Além disso, um outro fator que pode ajudar o Ibovespa a manter a valorização, segundo Freitas, é a entrada do capital estrangeiro, que em geral está “muito sublocado em Brasil”, gerando um “efeito mola” que pode impulsionar a bolsa.
Afinal, onde o ASA está investindo?
De acordo com Freitas e Ferraz, o ASA vem ajustando seus portfólios desde o meio do ano para aproveitar os ventos favoráveis aos ativos de risco, diminuindo a parcela de investimentos pós-fixados e aumento alocação em classes como NTN-B (Tesouro Direto atrelado ao IPCA, principal indicador de inflação), ativos multimercados e a bolsa brasileira.
Porém, Freitas vê o Tesouro IPCA como a principal aposta para a instituição financeira, avaliando o ativo como “all-weather”, ou seja, que terá um bom desempenho independentemente do que acontecer nas eleições de 2026.
Embora a bolsa brasileira seja o melhor investimento no cenário de mudança de governo, ele avalia que esses papéis do Tesouro oferecem bom rendimento, seja com o juro real em 7,5% ou, caso haja fechamento da taxa, em 4,5%.
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Além disso, se a política econômica se mantiver, o dólar deve subir em relação ao real e a inflação também deve crescer, o que também beneficia o título.
“A bolsa brasileira é o melhor ativo no cenário de mudança. Mas se isso não acontecer, ela é o pior ativo”, afirmou Freitas.