Coluna do André Galhardo

Atividade econômica surpreende em março e reforça fôlego do PIB no primeiro trimestre

19 maio 2025, 17:09 - atualizado em 19 maio 2025, 17:09
pib brasil ibc-br
(Imagem: Rmcarvalho/Getty Images)

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 19 a 25 de maio, com projeções e comentário do economista André Galhardo. 

Forte desempenho dos setores produtivos em março sustenta uma nova alta do IBC-Br

Projeção de crescimento do indicador mensal da atividade econômica medido pelo Banco Central era de 0,8% na margem, variação que foi confirmada na manhã desta segunda-feira (19). O avanço dos serviços, aliado à sólida performance do varejo e à surpresa positiva na produção industrial, reforçaram a aceleração do IBC-Br no encerramento do primeiro trimestre de 2025. Em nosso cenário base, o Produto Interno Bruto (PIB) do 1T25 deve apresentar alta de 1,1% frente ao trimestre anterior, resultando em um carrego estatístico de aproximadamente 1,9% para o crescimento de 2025. 

Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas é o destaque fiscal da semana

É esperada a sinalização de um contingenciamento/bloqueio/congelamento por parte do Tesouro Nacional, sob liderança do secretário executivo Dário Durigan, como medida preventiva para assegurar a aderência às metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal em 2025. Apesar das dúvidas estruturais quanto à trajetória das contas públicas no médio e longo prazo, os números iniciais de 2025 ainda apontam para um cenário relativamente benigno. No entanto, a incapacidade de conter a trajetória dos gastos do governo de forma estrutural faz com que esse diagnóstico pressuponha a necessidade de moderação no crescimento das despesas primárias por meio de “cortes” pontuais. O anúncio do eventual corte de gastos será acompanhado de perto pelos agentes de mercado, especialmente após os recentes ruídos sobre um possível pacote de estímulo fiscal. Monitoramos com atenção eventuais mudanças nos critérios de apuração das novas despesas dentro do regime fiscal em vigor. 

IPC-S deve ganhar protagonismo no radar dos mercados

Tradicionalmente menos relevante na formulação da política monetária, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) deve ter maio peso para o mercado nessa semana diante da crescente incerteza sobre os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A dinâmica recente de seus componentes poderá oferecer sinais relevantes sobre a persistência inflacionária, sobretudo em um contexto de potenciais estímulos fiscais. Em nossa avaliação, o ciclo de aperto monetário já foi encerrado, com a última elevação de 0,50 ponto percentual representando o ajuste final desta fase. Esse entendimento é sustentado tanto pela deflação observada no Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) quanto pela perspectiva de desaceleração da atividade econômica no segundo semestre. No entanto, uma eventual reversão de tendência nos núcleos inflacionários, captada preliminarmente por indicadores como o IPC-S, poderá reabrir espaço para um ajuste residual de 25 pontos-base na reunião de junho, caso os estímulos fiscais em discussão se materializem e impactem a trajetória de atividade e de preços. O IPC-S da terceira quadrissemana de maio será divulgado na próxima sexta-feira (23).

Banco Central da China poderá recorrer a um novo corte de juros

Medida funcionaria como instrumento de suporte à atividade econômica doméstica. Apesar dos esforços recentes das autoridades chinesas para estimular a demanda interna, os dados divulgados têm revelado respostas limitadas. O volume de novos financiamentos concedidos pelo sistema bancário da China em abril veio significativamente abaixo das expectativas, evidenciando uma fraca dinâmica creditícia. Adicionalmente, os indicadores antecedentes reforçam a leitura de desaceleração, com destaque para o PMI industrial (Índice de Gerentes de Compras), que recuou para abaixo de 50 pontos – sinalizando contração do setor – e atingiu o menor nível desde dezembro de 2023. Diante desse contexto, os dados oficiais de produção industrial e vendas no varejo, previstos para esta semana, tendem a apresentar crescimento aquém das expectativas. Esse diagnóstico sustenta a necessidade de estímulos adicionais, tanto do ponto de vista fiscal quanto monetário, para mitigar os riscos de uma desaceleração mais prolongada e assegurar a convergência para uma trajetória de crescimento mais robusta nos próximos trimestres.

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público