Exportações

Auditoria externa garante ao Frigorífico Mercúrio (Pará) 100% de bois comprados de áreas não desmatadas

30 ago 2019, 14:21 - atualizado em 30 ago 2019, 14:21
Carne
Unidades do Pará possuem acordo de conduta na comora do boi, apesar de que o estado não exporta para a Europa

Se Hong Kong, Egito e alguns outros compradores menores de carne bovina do Pará, incluindo ainda a Turquia para onde vai mais gado em pé, estivessem cobrando exigências de várias plantas e curtumes do estado quanto à sustentabilidade da produção, possivelmente não haveria problemas com muitas delas. As plantas auditadas quanto à conformidade de gado não oriundo de desmatamento estariam blindadas, como é o caso do Frigorífico Mercúrio.

A Europa não compra carne de boi do Pará, onde não há frigoríficos habilitados para lá, mas, se comprasse, os países que agora cobram possíveis embargos por conta das queimadas – Finlândia, Noruega, Suiça, Irlanda, Liechtenstein e algumas empresas já anunciaram também (tanto em carnes quanto em couros) -, talvez não mexessem com a empresa de Castanhal.

“Tivemos 99,8% de conformidade, em 2018, em auditoria de escritórios de compliance contratados”, explica Daniel Freire, diretor da Mercúrio, citando as auditoras Grant Thorton e WTS, cujos registros são públicos e acompanham o cadastro do frigorífico. A empresa é forte nas vendas para Hong Kong (e está na lista de empresas que podem ser habilitadas pelos chineses), Egito e na exportação de animais vivos.

Dessa forma, dentro do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Pará, negociado pela cadeia produtiva, governo do estado e Ministério Público Federal, e existente há alguns anos para evitar que o desenvolvimento da pecuária sofresse prejuízos por conta do desmatamento ilegal, a unidade adequada.

O TAC, no entanto, já foi alvo de denúncias de não cumprimento por parte de empresas locais no passado, mas, para isso, Freire faz a defesa do sistema de monitoramento e rastreabilidade acordado com “empresas sérias e formais”.

O pecuarista Mauro Lúcio Costa, da região de Paragominas, um dos grandes invernistas paraenses, aponta a mesma vantagem para o estado que o TAC oferece. Crítico do desmatamento ilegal, onde os incêndios na floresta são vistos como uma das ferramentas, Costa lembra que “esse é o momento ideal para apresentarem esse trabalho de monitoramento para os compradores”, ainda que o número deles, no mundo, é relativo pequeno na comparação com os compradores de outros entes da federação.

Gargalo

Também do segundo maior estado da Amazônia Legal, o produtor Maurício Fraga, presidente da Associação dos Criadores do Pará (Acripará), explica os benefícios do controle do gado estado, mas aponta um gargalo.

Quando o vendedor para o frigorífico apenas engorda os animais, ou seja, ele adquiriu o boi desmamado de um terceiro, pode-se perder o monitoramento completo. Desse modo, os frigoríficos só teriam o controle mais efetivo de pecuaristas que estão no ciclo completo e, naturalmente, se tiverem também um bom volume de animais próprios, como é o seria o caso do Mercúrio.

Segundo Daniel Freire, o grupo paraense vem desde 2018 (quando matou em torno dos 320 mil animais) fazendo investimentos que superam os R$ 10 milhões em processos e na melhoria de seu próprio gado, visando uma carne menos ‘comoditizada’ e com os olhos no mercado chinês.

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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