Economia

Aumentar a Selic é a pior forma de controlar a inflação, exceto as demais, diz Alexandre Schwartsman

20 jan 2022, 15:59 - atualizado em 20 jan 2022, 15:59
Selic; dinheiro; inflação
Selic tem aumentado junto à inflação (Freepik)

O aumento da taxa básica de juros brasileira (Selic) tem sido a forma utilizada pelo Banco Central (BC) para controlar a pressão causada pela inflação.

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Atualmente, a Selic está a 9,25%, enquanto o IPCA fechou o ano de 2021 em 10,06%, a maior alta desde 2006.

Aumentar a Selic para evitar que a inflação cause maiores problemas e estimular a economia, no jargão econômico, é conhecido como política monetária.

E, para o economista Alexandre Schwartsman, é a única forma que funciona. Segundo Schwartsman, a política monetária é uma regra, mas “ninguém é obrigado a segui-la”.

“Aumentar a Selic é a pior forma de controlar a inflação, exceto as demais”, disse ele em entrevista ao Money Times , parafraseando o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, em sua famosa citação: “a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais.”

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Confira abaixo a entrevista completa:

Money Times – Vemos que o BC tem subido a Selic ao mesmo passo em que a inflação cresce. A política monetária é realmente a única forma para controlar o IPCA? A instituição é obrigada a segui-la?

Alexandre Schwartsman – O Banco Central não é obrigado a fazer isso, mas tudo tem consequências.

O que sabemos hoje, de resultados de pesquisas na área monetária ao longo das décadas, é que existe uma forma de estabilizar a inflação, e essa forma é, basicamente, por meio do uso da política monetária.

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Conhecemos uma política básica monetária que consiste na ideia de que, se a inflação esperada desvia da sua meta, você precisa subir a taxa de juros.

Isso porque uma elevação da taxa do juros além do aumento da inflação esperada significa uma elevação da taxa atual de juros, o que leva a uma desaceleração da economia, reduz a pressão do mercado de trabalho, de demanda sob a capacidade produtiva da economia, e isso faz com que a inflação caia também.

E um BC que segue uma regra como essa tem uma bonificação, que são as expectativas de inflação se ajustando mais rápido.

Se olharmos o que aconteceu no Brasil desde o regime de metas, administrações do BC que ficaram próximas dessa postura tiveram mais sucesso, e administrações que não fizeram isso, descolaram a inflação.

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Temos várias formas de controlar a inflação, mas somente a política monetária é a forma certa.

Obviamente que não depende só isso, depende também da autoridade fiscal controlar seus gastos, o que tem outros problemas por trás. 

Você é obrigado a seguir a regra? Não, você não é. Mas, imediatamente, é a política monetária que controla a inflação.

Alexandre Schwartsman
Para Alexandre Schwartsman, política monetária é única forma de controlar inflação (AlexandreSchwartsman / Divulgação)

Money Times – Quais exemplos de administrações não seguiram a regra da política monetária e, na sua opinião, fizeram com que a inflação descolasse da meta?

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Alexandre Schwartsman – A administração Alexandre Tombini não seguiu, e a inflação escapou.

A consequência de não ter seguido a regra, à época, foi que a inflação se desviou — e, quando ela se desvia, o custo para trazê-la para a meta vai ficando maior.

Você pode interferir no mercado de câmbio. Foi o que a administração Tombini fez isso para segurar a taxa de câmbio, para a inflação não ficar acima da meta. E o que aconteceu foi uma explosão.

A Argentina vira e mexe tenta controlar preços, você tenta, mas eventualmente isso explode na sua cara.

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Money Times – E como acontece o chute da meta?

Alexandre Schwartsman – Nenhum BC vai acertar a meta da inflação todo ano. Você vai ter uma inflação mais alta, mais baixa, e ela irá flutuar em torno da meta.

Em média, o Banco Central vai, mais ou menos, fazer um chute certo, e espera que a meta seja fixada com os preços. Isso acaba fortalecendo a convergência.

Agora, se eu tiver um Banco Central que sistemicamente entrega a inflação acima da meta, a tendência do cara que vai fixar os preços e os salários não é incorporar a meta em seus preços, mas sim algo a mais.

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Para trazer a inflação à meta, você precisa desacelerar mais a economia.

Money Times – Para você, quais são as vantagens de usar a política monetária para reduzir a inflação?

Alexandre Schwartsman – A decisão e a vantagem de seguir essa regra é que ela faz com que você tenha o balanço bastante fluído da política monetária.

É um jeito de controlar, ainda não existe uma outra forma tão eficaz. Aumentar a Selic é a pior forma de controlar a inflação, exceto as demais.

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Editora
Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
tamires.vitorio@moneytimes.com.br
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