Aumento dos gastos da Alemanha prepara o terreno para a recuperação, diz o FMI
A reforma histórica das regras fiscais da Alemanha no início deste ano preparou o terreno para a recuperação econômica, mas as perspectivas de médio prazo continuam limitadas, afirmou o Fundo Monetário Internacional nesta quarta-feira (26) em um relatório.
A Alemanha foi o único membro das economias avançadas do G7 que não conseguiu crescer nos últimos dois anos, sendo esperado apenas um crescimento modesto de 0,2% neste ano, segundo as previsões do FMI.
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Os planos do novo governo alemão de aumentar fortemente os gastos com infraestrutura e defesa devem sustentar o crescimento, impulsionados por uma aceleração gradual do investimento e do consumo domésticos, disse o FMI, prevendo um crescimento real do PIB de cerca de 1,0% em 2026 e 1,5% em 2027.
O déficit deve se ampliar para cerca de 4% do PIB até 2027, com a dívida subindo para cerca de 68% do PIB no mesmo ano, ainda a menor entre as economias do G7.
Apesar do impulso fiscal, as perspectivas de médio prazo continuam limitadas pelo rápido envelhecimento da população e pelo fraco crescimento da produtividade, segundo o relatório.
Economistas afirmaram que o espaço fiscal agora disponível deve ser usado de maneira criteriosa para aumentar a capacidade produtiva de longo prazo da economia e ser complementado por reformas estruturais pró-crescimento.
Essas reformas poderiam incluir medidas para promover mais inovação e digitalização, reduzir burocracias, diminuir restrições à oferta de mão de obra e aprofundar a integração econômica europeia, disseram eles.
Motor que (ainda) move Europa
Em outro estudo divulgado nesta quarta-feira, a Alemanha aparece como a maior contribuinte líquida da União Europeia em 2024.
Levantamento do Instituto Econômico Alemão (IW) mostrou que embora seus pagamentos ao bloco tenham caído drasticamente em relação aos anos anteriores, a maior economia da Europa pagou 13,1 bilhões de euros (US$ 15,09 bilhões) a mais aos cofres da UE do que recebeu no ano passado.
No entanto, a economia enfraquecida da Alemanha está cobrando seu preço: os pagamentos líquidos seguem uma tendência de queda — foram 19,7 bilhões de euros em 2022 e 17,4 bilhões de euros em 2023.
“O orçamento da UE é um espelho das relações de poder econômico na Europa”, disse a especialista do IW, Samina Sultan.
A França ficou em segundo lugar, com pagamentos líquidos de 4,8 bilhões de euros, seguida pela Itália com 1,6 bilhão de euros.
A Grécia foi a maior beneficiária líquida, com 3,5 bilhões de euros, à frente da Polônia com 2,9 bilhões e da Romênia com 2,7 bilhões.
Em termos per capita, os cidadãos alemães pagaram cerca de 157 euros líquidos à UE, o maior valor, seguidos pelos irlandeses com 130 euros.