Auren (AURE3) tem prejuízo de R$ 403 milhões no 3T25 com impacto maior dos cortes de geração de energia
A Auren (AURE3) registrou mais um trimestre de prejuízo na última linha do balanço, em meio a impactos negativos relacionados à geração de suas usinas renováveis e hidrelétricas, mas vem se beneficiando da arrumação interna após integração da AES e vê espaço para mais ganhos com uma potencial reorganização societária, disseram executivos da companhia à Reuters.
A elétrica controlada por Votorantim e CPP Investments divulgou nesta quarta-feira um prejuízo líquido de R$403,7 milhões no terceiro trimestre, revertendo a cifra positiva de R$197,2 milhões registrada um ano antes.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da geradora somou R$664,3 milhões, recuo de 34,2% na base anual. No critério ajustado, excluindo efeitos como marcação a mercado de contratos de energia, o Ebitda ficou em R$772,7 milhões, queda de 10,4%.
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A piora do resultado é explicada principalmente pelo aumento dos cortes de geração de energia nos ativos eólicos e solares, que resultaram em um impacto líquido de R$130 milhões no trimestre, além do risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês) associado à geração efetiva abaixo do contratado pelas usinas hidrelétricas.
Em entrevista, o CEO da Auren, Fabio Zanfelice, afirmou que a expectativa já era de piora dos cortes de geração renováveis no trimestre, dada a sazonalidade da safra de ventos.
“Mas esse trimestre teve dois eventos que foram bastante importantes também para agravar a situação, que foi a geração distribuída crescendo mais do que esperado, e o consumo de energia que foi muito abaixo de 2024 devido às temperaturas”, destacou.
Zanfelice disse que a Auren, assim como outros geradores, aguarda uma solução para o chamado “curtailment”, que pode vir com a sanção presidencial da medida provisória (MP) 1.304, que foi aprovada pelo Congresso com regras que determinam ressarcimento às empresas pelas limitações de suas usinas.
Ele disse apoiar os dispositivos da MP, embora considere necessário repartir os custos desse problema com o setor de geração distribuída, segmento que conta hoje com benefícios tarifários e cresce descontroladamente no Brasil, “roubando” consumo das grandes usinas centralizadas.
“É um tema de extrema importância para o setor e isso precisa ser endereçado… Os investimentos em expansão do sistema no Brasil já estão em compasso de espera… À medida que você não tem investimento, você vai reduzir a oferta (no futuro), o preço de curto prazo vai reagir, ou seja, a gente vai estar à beira de um problema de oferta, de choque de demanda no Brasil”.
Já sobre o próximo período úmido, crucial para a geração hidrelétrica no país, o executivo disse esperar “certa normalidade”, sem ter à vista no momento eventos extremos que possam trazer preocupação para o suprimento de energia.
Do lado financeiro, a Auren concluiu a integração da AES, com R$212 milhões em sinergias capturadas no processo, e agora começa a analisar uma reorganização societária que poderá levar a ganhos adicionais.
Esse movimento deve passar basicamente pela incorporação de dois braços da Auren pela Cesp, o que resultaria na concentração dos ativos hidrelétricos do grupo em um único veículo, na redução do número de companhias controladas de capital aberto e no aumento da eficiência na gestão de caixa, explicou o vice-presidente de finanças, Mateus Ferreira.
Ferreira também disse que a Auren continua focada no processo de desalavancagem, com o índice alcançando 4,9 vezes dívida líquida/Ebitda no trimestre, praticamente estável frente ao anterior.
“A única coisa que eventualmente pode fazer a gente mudar um pouco esse rumo é se tiver um projeto que tenha retornos bastante atrativos, e que justifica a empresa atrasar um pouco esse processo para criar valor.”
A Auren tem interesse em participar do leilão de reserva de capacidade, com sua hidrelétrica de Porto Primavera, e também do certame de baterias.