Avaliações da Petrobras (PETR4) pendem para etanol de milho, o que excluiria Raízen (RAIZ4), dizem fontes

As avaliações preliminares da Petrobras (PETR4) para retomar investimentos em etanol, embora não excluam o biocombustível feito a partir da cana-de-açúcar, estão mais propensas à rota do milho como matéria-prima, disseram três fontes da empresa com conhecimento do assunto.
Entre os fatores listados para o eventual favorecimento do etanol de milho estão o custo de produção em queda com a expansão dos cultivos e o forte crescimento registrado no segmento, de mais de 30% no ano passado, enquanto a fabricação de etanol de cana está praticamente estagnada, diante da concorrência com o açúcar pela matéria-prima.
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Além disso, a Petrobras estaria interessada também no crescimento da produção no Norte/Nordeste, região deficitária no mercado do biocombustível, mas que registra forte aumento da produção de milho, em especial na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
“O custo do etanol de milho baixou muito, tem mais capilaridade e entra no Norte e Nordeste”, disse uma das fontes, citando o Matopiba.
Se um eventual acordo caminhar mesmo para alguma aquisição de fatias em empresas produtoras de etanol de milho, isso excluiria a Raízen (RAIZ4), que tem apenas a cana como a matéria-prima nas mais de 20 usinas em operação.
As ações da Raízen operavam nesta segunda-feira em alta de mais de 10% por volta das 16h30 — após recuarem mais de 16% na semana passada, quando divulgou um prejuízo trimestral –, com impulso de notícias de que a companhia estaria no foco da Petrobras para uma eventual aquisição de participação.
Procurada por meio da assessoria de imprensa, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente, enquanto a Raízen disse no sábado que não iria comentar o tema.
“Estamos mais próximos de milho do que de cana. As perspectivas são melhores. Nós estamos falando com várias de milho…”, afirmou uma segunda fonte, também na condição de anonimato, evitando dar nomes de empresas.
Outras vantagens citadas para o etanol de milho estão o horizonte de crescimento da fronteira produtiva do cereal e a ausência de competição de matéria-prima com o açúcar, o que propicia estabilidade de oferta mesmo em condições de mercado favoráveis para o adoçante.
Embora a Petrobras não descarte a Raízen, já que a companhia é a maior do setor de cana, as fontes falaram que as discussões ainda não acontecem.
Outras duas fontes na Petrobras afirmaram que as negociações para a reentrada no segmento de etanol ainda são preliminares.
“Eles querem nos vender, mas as discussões nem se iniciaram aqui”, afirmou uma das fontes, ao comentar sobre a Raízen.
A Petrobras afirmou anteriormente que a volta ao setor de etanol — em momento em que o Brasil passa a adotar uma mistura maior de 30% do biocombustível na gasolina — seria com participações minoritárias nos ativos, a exemplo do que aconteceu no passado.
“A volta ao mercado de etanol é certa, mas não tem nada com ninguém. Agora, vir com essa de que tem algo para este ano… Com a agilidade da Petrobras, pode esperar que ainda demora”, disse uma outra pessoa próxima da empresa.