Axia Energia (AXIA3): Após capitalização e nova classe de ações, papéis caem
Os acionistas da Axia Energia (AXIA3;AXIA6), antiga Eletrobras, aprovaram, em assembleia realizada na última sexta-feira (19), uma ampla reorganização da estrutura de capital da companhia, com destaque para a capitalização de R$ 30 bilhões em reservas de lucro.
A operação foi feita por meio da emissão de novas classes de ações e faz parte da estratégia da empresa de otimização de capital e aprimoramento de governança.
O principal movimento envolve a criação das ações preferenciais classe C (PNC), que passarão a ser negociadas com o ticker AXIA7. Ao todo, serão emitidos cerca de 606,8 milhões de novos papéis, distribuídos gratuitamente aos acionistas na proporção aproximada de 0,263 ação nova para cada papel detido até 19 de dezembro.
Cada ação PNC tem valor de referência de R$ 49,44, calculado a partir do montante total capitalizado dividido pelo número de ações emitidas.
As ações passaram a ser negociadas sem direito à bonificação a partir de hoje, bem como os novos papéis. A liquidação das AXIA7 na custódia dos investidores está prevista para 26 de dezembro.
Também hoje, tanto a ação ordinária quanto a preferencial C caem — 1,14% e 0,67%, respectivamente, por volta das 16h.
Segundo o Itaú BBA, a operação não altera o valor econômico do investimento. “O valor que hoje está refletido em uma única ação ordinária será redistribuído entre o papel ajustado ‘ex-direito’ e as novas ações preferenciais recebidas, mantendo intacto o valor econômico total do investimento”, afirma Fillipe Andrade, analista responsável pela cobertura da Axia Energia no banco
Além das PNCs, a assembleia aprovou a criação de uma classe transitória de ações preferenciais, a PNR. Esses papéis terão resgate automático e obrigatório, com pagamento em dinheiro no valor aproximado de R$ 1,30 por ação, a ser realizado em parcela única no dia 13 de janeiro de 2026, com base na posição acionária de 19 de dezembro.
De acordo com o Itaú BBA, o valor do resgate tem como objetivo compensar o benefício estatutário das ações preferenciais. “O valor de resgate das PNRs reflete o prêmio de 10% previsto no estatuto para os acionistas preferenciais”, explica Fillipe Andrade.
A reorganização também inclui a conversão das atuais ações preferenciais classes A e B (PNA e PNB) em novas subclasses A1 e B1 (PNA1 e PNB1). A mudança não gera impacto prático para o investidor, já que os direitos permanecem os mesmos e os tickers continuam sendo AXIA5 e AXIA6.
O Itaú BBA ressalta ainda que a capitalização não deve ser interpretada como um sinal de aumento estrutural dos dividendos da companhia. “Essa distribuição não implica, por si só, um crescimento recorrente de dividendos, mas representa uma utilização eficiente das reservas de lucro acumuladas, especialmente diante da possibilidade de mudanças na tributação de proventos”, diz Andrade.
Segundo o banco, a operação também está alinhada ao plano da Axia de avançar rumo ao Novo Mercado da B3, segmento que exige padrões mais elevados de governança corporativa