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Axia Energia (AXIA3) entra em fase de crescimento e pode avaliar parcerias para mega leilões

19 nov 2025, 16:17 - atualizado em 19 nov 2025, 16:17
CEO da Axia Energia, Ivan Monteiro
CEO da Axia Energia, Ivan Monteiro. (Reuters)

A Axia Energia (AXIA3) está em uma nova fase de crescimento que envolverá participação ativa em leilões do setor elétrico brasileiro, que poderá incluir parcerias para disputar mega projetos de linhões de transmissão, disse em entrevista à Reuters o CEO Ivan Monteiro.

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A maior elétrica da América Latina anunciou no mês passado a mudança de sua marca, abandonando o nome “Eletrobras” após três anos da privatização e do início de um longo processo de arrumação de casa, que passou por redução de custos e contingências, vendas e descruzamento de ativos, além da finalização de importantes obras inacabadas, como o linhão Manaus-Boa Vista.

Esse trabalho proporcionou uma diminuição de riscos e incertezas associados à Axia, o que abriu caminho para uma distribuição recorde de dividendos e novas apostas de crescimento para o futuro, disse Monteiro.

Segundo CEO, a companhia continuará trabalhando em frentes como a eficiência dos custos com pessoal, material, serviços de terceiros e outros (“PMSO”) e diminuição do passivo bilionário do empréstimo compulsório, mas essa agenda passará a dividir espaço com as oportunidades de expansão dos negócios.

Entre as avenidas de crescimento, um dos destaques são os leilões de transmissão de energia, que a partir de 2026 deverão voltar a oferecer mega projetos, de dezenas de bilhões de reais em investimentos, a empreendedores como a Axia, hoje a maior transmissora de energia do Brasil.

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A companhia olhará “com muito carinho” os certames da área e poderá analisar eventuais parcerias para disputar empreendimentos como o novo bipolo previsto pelo governo, com 2,5 mil km de linhas em corrente contínua interligando Nordeste e Sul, obra que deverá demandar R$26,5 bilhões em investimentos.

“Quando você tem projetos com Capex (investimento) muito elevado, é natural que você fique inclinado a fazer parcerias”, disse o CEO da Axia, ponderando que essa alternativa ainda não foi discutida internamente ou com o conselho de administração.

“Trago um paralelo com o setor de óleo e gás. Naqueles campos que se mostram potencialmente atrativos para serem desenvolvidos, mesmo as gigantes fazem consórcio… porque o investimento é muito alto… Uma linha de transmissão não é diferente”, apontou o executivo, que foi conselheiro e presidente da Petrobras.

Ele explicou que disputar sem parcerias um projeto desse tamanho “elevaria muito o endividamento”, enquanto o retorno seria visto somente após alguns anos. Monteiro não mencionou eventuais parceiros. O Brasil tem entre os operadores de mega linhões empresas como a chinesa State Grid.

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Os investimentos da Axia devem alcançar R$ 10 bilhões neste ano, e a expectativa é de continuar crescendo esse patamar, apontou.

A companhia já detém atualmente 74 mil km de linhas de transmissão, além de ser a maior geradora de energia do país, com mais de 40 gigawatts (GW) majoritariamente hidrelétricos.

Para os próximos anos, o segmento de transmissão poderá continuar gerando oportunidades. O governo estuda licitar mais R$40 bilhões em obras de transmissão em 2027, em um esforço para melhorar o escoamento de energia pelo país em meio ao crescimento da oferta eólica e solar, principalmente no Nordeste.

A Axia também deve participar do certame marcado para março para contratar potência para o sistema elétrico com projetos de ampliação de suas hidrelétricas, e está estudando as baterias, que com certeza integrarão “o futuro” do setor, afirmou Monteiro.

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Nova demanda

A elétrica seguirá aumentando os aportes bilionários em seus próprios ativos, com modernizações, reforços e melhorias para ampliar a confiabilidade e a disponibilidade de instalações de transmissão de energia e geradoras, uma aposta que traz “retorno com baixíssimo risco”, de acordo com o CEO.

Em paralelo, a administração trabalha em “opcionalidades”, negócios que podem ocorrer se fizerem sentido para a companhia, como eventual aquisição de projetos de geração renovável.

“Não tem nada (de aquisição) no ‘pipeline’ no momento, pelo contrário, a gente ainda tem alguns descruzamentos (de participações acionárias). Mas é algo que ao longo de 2026 vamos olhar com certeza, muito mais focado no solar.”

A empresa se concentrou nos últimos anos em melhorar a atuação junto ao mercado livre de energia, ampliando sua carteira de consumidores de grande a pequeno porte, e busca se posicionar agora como uma provedora de soluções de energia.

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Entram nessa área iniciativas para atender os novos “drivers” de demanda do setor elétrico que começam a se desenvolver no Brasil, com projetos de data centers, hidrogênio verde e eletrificação de processos industriais.

No caso dos data centers, a Axia está prestando assessoria técnica para projetos e tem memorandos de entendimento assinados para parcerias “em diferentes estágios”, apontou o CEO.

A companhia deu início a processos junto ao governo para dois projetos de data centers, um em Campinas (SP) e outro em Canindé do São Francisco (SE), segundo informações de uma plataforma do Ministério de Minas e Energia.

“Somos muito procurados sobre a nossa visão, tentamos prestar assessoria não só de fornecedor de energia, mas sobre as instalações, o melhor local para você colocar o data center em termos de terreno, acesso à rede… Estamos olhando com muita atenção para esse segmento.”

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Monteiro ressaltou ainda os esforços da companhia em desenvolver o que ele chamou de “funding intelectual”, para se preparar para as profundas transformações do setor elétrico brasileiro, com entrada cada vez maior de energia renovável, sistemas distribuídos de geração e abertura total do mercado livre.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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