Axia Energia (AXIA3) tem mais espaço para alta com energia cara e dividendos crescentes, diz Bradesco BBI
A Axia Energia (AXIA3) permanece entre as principais apostas do Bradesco BBI no setor de Utilities. Mesmo após uma valorização de 80% neste ano, o banco reforça a recomendação de compra, apoiado no cenário de preços elevados de energia no Brasil e na melhora consistente dos fundamentos da companhia.
O BBI elevou o preço-alvo para AXIA6 a R$ 86 ao incorporar um spread de modulação mais robusto, a entrada de caixa com a venda da Eletronuclear e um menor custo de capital, agora estimado em 10%.
Para o banco, a percepção de risco diminuiu de forma significativa desde a privatização da empresa, antiga Eletrobras, com avanços em governança, redução de passivos, desinvestimentos — incluindo a venda de ativos nucleares e térmicos — e maior clareza quanto ao cumprimento das metas operacionais até 2026.
Os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França afirma que a empresa ficou mais simples de analisar, com um único fator realmente determinante: qual será o patamar de preços de energia no longo prazo.
Novas projeções
Nas projeções do banco, o preço de energia no longo prazo deve alcançar R$ 210/MWh até 2030, com um adicional de R$ 13/MWh capturado pela modulação. Esses números são considerados conservadores diante do custo marginal de expansão das fontes renováveis no país, próximo de R$ 300/MWh.
Hoje, o mercado precifica a Axia com preços entre R$ 180 e R$ 190/MWh, o que sugere potencial de alta se o cenário projetado se confirmar, segundo o BBI.
A dinâmica setorial — marcada pela maior intermitência das renováveis e pelo papel das térmicas para garantir segurança energética — também contribui para sustentar preços elevados nos próximos anos, disse.
Dividendos no radar
O BBI acredita que a Axia pode se consolidar como uma das maiores pagadoras de dividendos no setor, ao lado de CPFL, Taesa e Isa Cteep. A projeção base indica dividend yields de 6,3% em 2025, 6,9% em 2026, 8,6% em 2027 e 10% em 2028.
No cenário otimista, os rendimentos podem ultrapassar 11% até 2028, oferecendo proteção contra riscos e potencial redução na taxa de desconto aplicada pelo mercado.
A maior elétrica da América Latina anunciou no mês passado a mudança de sua marca, abandonando o nome “Eletrobras” após três anos da privatização e do início de um longo processo de arrumação de casa, que passou por redução de custos e contingências, vendas e descruzamento de ativos, além da finalização de importantes obras inacabadas, como o linhão Manaus-Boa Vista.
Esse trabalho proporcionou uma diminuição de riscos e incertezas associados à Axia, o que abriu caminho para uma distribuição recorde de dividendos e novas apostas de crescimento para o futuro, disse à Reuters o CEO Ivan Monteiro.