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Azul (AZUL4): S&P vê ‘elevado risco de calote’ e corta rating; ação está perto dos centavos

20 maio 2025, 20:24 - atualizado em 20 maio 2025, 20:42
Azul
A ação derreteu mais 18% nas últimas cinco sessões e está muito próxima dos centavos, negociada a R$ 1,08 nesta terça-feira (20) (Imagem: Wikiamedia)

A Azul (AZUL4), que vive momento delicado na bolsa, teve o rating cortado de CCC+ para CCC- pela S&P, mostra relatório publicado nesta terça-feira.

Segundo a agência de classificação de risco, a área brasileira possui ‘risco elevado de inadimplência’. A perspectiva é negativa.

Com isso, a companhia está apenas dois degraus acima do D, que significa default (calote).

O corte piora a situação da companhia, já que um rating baixo indica mais risco, o que leva investidores a exigirem juros mais altos.

Entre os pontos que a S&P cita está a liquidez da companhia, que continua a diminuir devido à queima de recursos materiais no primeiro trimestre de 2025.

“A empresa enfrenta saídas de caixa materiais relacionadas a altas despesas financeiras e de arrendamento, e acreditamos que o acesso a financiamento adicional esteja altamente restrito após duas reestruturações de dívida nos últimos anos”.

A agência recorda que o caixa e os investimentos líquidos da Azul somavam aproximadamente R$ 655 milhões.

Embora os vencimentos de dívida da Azul não sejam tão grandes — totalizando cerca de R$ 730 milhões nos próximos 12 meses —, a S&P diz que as obrigações da empresa relacionadas a pagamentos de arrendamento operacional, despesas com juros, capital de giro e despesas de capital (capex) são consideráveis.

“Estimamos que essas necessidades sejam de R$ 7,4 bilhões a R$ 7,8 bilhões no mesmo período”.

Desde o início do ano, a Azul captou R$ 3 bilhões por meio de novas notas superprioritárias durante sua reestruturação de dívida, mas ainda assim teve queima de caixa de quase R$ 750 milhões no primeiro trimestre.

A ação derreteu mais 18% nas últimas cinco sessões e está muito próxima dos centavos, negociada a R$ 1,08 nesta terça-feira (20).

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Fusão entre Gol e Azul pode subir no telhado?

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Um possível pedido de recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos, processo chamado de Chapter 11, pode levar ao atraso ou até mesmo cancelamento das negociações para fusão com a Gol (GOLL4), na visão do Bradesco BBI.

De acordo com o Pipeline, do jornal Valor Econômico, a Azul está sendo assessorada pelos escritórios Davis Polk e Pinheiro Neto para buscar novo financiamento e reestruturar a dívida com credores, não descartando fazer isso por meio de um processo de recuperação judicial.

Do outro lado da história, a Gol, que está em Chaper 11 no momento, vê a saída do processo cada vez mais próxima.

A companhia aérea anunciou na sexta-feira (16) captação de US$ 1,9 bilhão por meio da emissão de instrumentos de dívida, recurso que será usado para viabilizar sua saída da recuperação judicial nos Estados Unidos.

Os analistas André Ferreira, do BBI, e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos, colocam que a Azulm, porém, não teve impacto das transações de equity ocorridas em abril de 2025, nem dos R$ 600 milhões em novas dívidas levantadas, o que deve contribuir para a liquidez.

Resultados frustrantes da Azul

A Azul reportou lucro líquido de R$ 783,1 milhões, reversão do prejuízo de R$ 1,1 bilhão registrado no mesmo período do ano passado.

Na linha ajustada, no entanto, a companhia aérea viu o prejuízo crescer 460,4%, atingindo -R$ 1,8 bilhão no período de janeiro a março deste ano.

Para o Goldman Sachs, os números da Azul vieram abaixo das estimativas. Os analistas também mencionaram que as despesas foram significativamente maiores em relação aos trimestres anteriores.

Eles ainda destacaram a queda trimestral da liquidez imediata de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,3 bilhões, um aumento de 15,7% na comparação com o quarto trimestre de 2024, representando cerca de 12% das receitas nos últimos 12 meses.

Empresa vai buscar capital

Em teleconferência após resultados, o diretor financeiro, Alexandre Malfitani, afirmou que a companhia vai buscar mais capital para reforçar sua posição financeira.

“Faria sentido para nós trazer capital adicional, mas vamos encontrar o momento certo para isso”, afirmou em conferência após a divulgação dos resultados de primeiro trimestre da empresa.

Um dos fatores que provocou uma liquidação na bolsa foi, justamente, o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.