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Azul (AZUL4): O que está por trás da queda na Bolsa nesta sexta-feira (01)?

01 nov 2024, 12:17 - atualizado em 01 nov 2024, 17:40
azul
(Imagem: Herbert Pictures/iStock)

A Azul (AZUL4) performou entre as maiores quedas do Ibovespa (IBOV) nesta sexta-feira (01), após as agências classificadoras de risco S&P Global e Fitch rebaixarem o rating da companhia aérea.

As ações da companhia caíram 6,51%, a R$ 5,31. No ano, AZUL4 acumula queda de 66,8%, com a renegociação de dívidas com arrendadores pairando sobre o ativo.



No caso da S&P, o rebaixamento ocorreu na última quarta-feira (30), incluindo ainda rebaixamento da classificação nacional para brCC de brBB-, após o anúncio de acordo com credores, anunciado pela companhia em 28 de outubro.

Na tentativa de fortalecer as finanças da empresa, a aérea informou aos investidores e ao mercado que celebrou um acordo com seus atuais detentores de dívida para um acréscimo de US$ 500 milhões em recursos – o que seria aproximadamente R$ 2,5 bilhões.

A S&P considera a transação, uma vez concluída, equivalente a um default (inadimplência).

“Embora a troca seja feita a par, sem extensão inicial de prazo ou alteração de cupons, acreditamos que a transação é problemática e os credores receberão menos do que o originalmente prometido, dadas as mudanças na prioridade sobre a garantia e a conversão esperada de parte da dívida em ações”.

A perspectiva negativa da agência significa que seu rating será rebaixado novamente para default seletivo quando o acordo for concluído, diz o comunicado. Após isso, a situação da companhia será novamente avaliada sob a nova estrutura de capital.

Além de ter rebaixado a classificação para os IDRs (Ratings de Inadimplência do Emissor), a Fitch rebaixou a classificação em escala nacional para ‘CC(bra)’ de ‘CCC(bra)’.

Conforme o documento, os rebaixamentos seguem os acordos de refinanciamento mais amplos da Azul, que incluem seus principais credores e fornecedores, e provavelmente resultarão em uma oferta de troca e solicitações de consentimento para suas notas existentes de 2028, 2029 e 2030.

“De acordo com seus critérios, a Fitch considera isso uma troca de dívida em dificuldades (DDE). O acordo é avaliado para evitar um default”.

A agência avalia que, apesar de nenhum corte imediato na dívida ou extensão do prazo, os detentores de títulos que não aceitarem o acordo podem enfrentar termos piores devido ao maior perfil de dívida garantida e provavelmente menor retorno da equitização de parte das notas de 2029 e 2030.

Renegociação de dívidas da Azul

Segundo o fato relevante divulgado no início desta semana, o valor total anunciado será dividido em partes. A primeira parcela, de US$ 150 milhões, será recebida agora e outra, de US$ 250 milhões, está prevista para o final do ano, com potencial para desbloquear US$ 100 milhões adicionais.

Além disso, a Azul fez acordos para reduzir sua dívida com seus arrendadores – proprietários de aviões utilizados pela Azul – e OEMs (fabricantes de aviões e peças). A companhia aérea devia a essas empresas um valor de R$ 3,1 bilhões. Para reduzir essa dívida, eles concordaram em trocar essa obrigação por 100 milhões de novas ações preferenciais da AZUL4.

A Azul também considera transformar uma parte de sua dívida em ações, o que significa que, em vez de ter que pagar de volta esse valor aos credores, ela oferece a eles ações da empresa. A companhia avalia a conversão de US$ 800 milhões de dívida existente com garantia secundária em ações, condicionada à melhoria de US$ 100 milhões já mencionada.

Recentemente, a Azul concordou em reduzir sua dívida em US$ 530 milhões, aproximadamente R$ 3 bilhões, em troca de ações preferenciais, dependendo da aquisição de novos financiamentos.

Apesar de ter US$ 68 milhões devidos em pagamentos de títulos este mês, analistas de mercado acreditam que a Azul pode administrá-los, embora as altas taxas de juros e o declínio do real aumentem seus desafios.

Nas contas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos, a companhia aérea pode levantar US$ 909 milhões em novas dívidas, incluindo US$ 400 milhões em novas dívidas usando a Azul Cargo como garantia, US$ 209 milhões do empréstimo ABGF e US$ 300 milhões de fundos da FNAC relacionados ao plano de resgate do governo federal brasileiro.

Essas alternativas, na avaliação dos analistas Victor Mizusaki (Bradesco BB, Wellington Lourenço e Larissa Monte Ágora Investimentos), deve evitar que a empresa precise entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, o “Chapter 11”.

*Com Liliane de Lima

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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