Azul (AZUL4) salta até 17% com encerramento de possível fusão com a Gol (GOLL54); entenda o fim das negociações

A fusão entre a Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL54) “subiu no telhado” com o fim das negociações e o encerramento do acordo de codeshare que operavam. Em reação ao anúncio, as ações de ambas aéreas sobem no pregão desta sexta-feira (26).
No início deste ano, as companhias movimentaram o noticiário ao assinar um Memorando de Entendimentos que colocou a possível fusão na mesa. No entanto, a concretização dependia que a Gol finalizasse sua recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) — e quando isso ocorreu, em meados do ano, foi a vez da Azul entrar no processo.
Na avaliação da Genial Investimentos, a decisão reforça a dificuldade de avançar em uma combinação societária no setor aéreo, ainda mais com o Chapter 11 da Azul em andamento.
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“Além disso, vemos como um movimento de antecipação a uma possível decisão contrária do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que chegou a questionar os acordos de codeshare entre as duas companhias”, avalia a casa.
O Bradesco BBI avalia o anúncio como neutro para ambas as empresas, já que a Gol acaba de sair do Chapter 11 e está executando seu plano de negócios pós-saída, que não pressupunha uma fusão, e a Azul está agora no processo, e focada em sua própria reestruturação, que também não dependia ou assumia uma combinação de negócios.
Por outro lado, os analistas ponderam que o fim do acordo de codeshare pode reduzir a conectividade.
A recomendação do BBI é de venda para ambas as companhias.
Por volta de 11h22 (horário de Brasília), as ações da Azul saltavam 17,14% na B3, a R$ 1,23. Já a Gol avançava 6,19%, a R$ 6. Acompanhe o tempo real.
Importante ressaltar que, no caso das ações da Gol, o código GOLL54 representa um lote de 1.000 ações. Dessa maneira, o valor em tela representa esse lote.
Por que fusão entre Gol e Azul não avançou?
Quem terminou a possível união entre as empresas foi a Abra Group, controladora da Gol. Em fato relevante, a aérea divulgou ao mercado carta enviada para a Azul.
Nesta, a Abra afirma que, desde a assinatura do Memorando de Entendimentos, se colocou à disposição para continuar avançando nas discussões rumo a uma combinação de negócios, tendo indicado que as discussões poderiam acontecer em paralelo ao caso do Chapter 11 da Azul.
“No entanto, as partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11”, diz.
A carta pontua ainda que a assinatura do Memorando e o pré-arquivamento junto ao Cade ocorreram em outro cenário e momento das empresas, que já não é o mesmo.
Sobre o codeshare, foi a Azul, também em fato relevante, que pontuou o encerramento do acordo de cooperação comercial anunciado em maio de 2024. As passagens já emitidas serão honradas.
O cenário
Em janeiro deste ano, a Gol quem estava no radar pelo processo de recuperação que corria nos Estados Unidos, com previsão de término em junho de 2025. A companhia concretizou o prazo, cerca de um ano e meio após o início da reestruturação financeira, quando anunciou a capitalização que implicou na mudança do ticker para GOLL54.
No entanto, no mês de maio, antes mesmo da Gol encerrar o Chapter 11, foi a vez da Azul entrar com pedido. Da tríade que domina o setor aéreo brasileiro, era a que faltava passar pelo processo.
Segundo fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Money Times à época do anúncio, a Azul direcionou foco total no processo, visando a saída mais rápido possível da recuperação judicial.
Somado a isso, em setembro deste ano, o Cade decidiu que o acordo de codeshare entre as companhias aéreas precisaria notificado em até 30 dias corridos para análise da autarquia, sob risco de ser considerado como prática de “gun jumping” em maio de 2026.
De modo geral, acordos de prazo definido de codeshare não precisam ser notificados ao Cade por envolverem companhias locais e internacionais, mas o acerto entre Gol e Azul, anunciado em maio de 2024, além de envolver duas grandes empresas nacionais, foi definido por prazo indeterminado, ponderou o relator, Carlos Jacques Vieira Gomes.
Além da notificação da operação, as duas companhias aéreas ainda ficaram proibidas de expandir o codeshare nas rotas que ainda não foram atingidas pelo compartilhamento de voos antes da análise do acordo pelo Cade.
Caso optassem por não fazer a notificação em 30 dias, a decisão previa que Gol e Azul desfizessem o acordo.
*Com informações da Reuters