Azzas 2154 (AZZA3) figura como a maior queda do Ibovespa após mudança no alto escalão; o que dizem os analistas?

As ações da Azzas 2154 (AZZA3) lideram a ponta de maiores quedas do Ibovespa (IBOV) na manhã desta quinta-feira (4), com novas mudanças nos negócios da companhia.
Por volta de 11h45 (horário de Brasília), AZZA3 registrava baixa de 2,47%, a R$ 32,77. Na mínima intradia, os papéis tiveram recuo de 2,53% (R$ 32,75). Acompanhe o Tempo Real.
Ontem (3), a varejista anunciou a saída de Thiago Hering, CEO da unidade de Basic — que inclui a Hering — e membro da família fundadora, do cargo a partir de 1º de outubro, após quatro anos no comando da unidade de negócios.
Hering deve permanecer apenas como acionista. Vale lembrar que a família Hering já está fora do bloco de controle.
A transição será conduzida por Gustavo Fonseca (ex-moda feminina), junto ao CEO Alexandre Birman e Roberto Jatahy, com apoio da consultoria Heartman House.
Essa foi a terceira mudança na alta direção em um mês, após o anúncio de que Rafael Sachette, anteriormente CFO, assumiu o papel de CEO da divisão “Shoes & Bags” (Calçados e Bolsas), e as unidades de negócios de Moda Feminina e Masculina e Estilo de Vida foram integradas e agora são lideradas em conjunto por Ruy Kameyama e Roberto Jatahy.
O que dizem os analistas?
Para o Santander, a decisão foi “inesperada”. “A natureza súbita da mudança, combinada com a contratação de uma consultoria para avaliar o crescimento sustentável da BU Basic, pode levantar preocupações sobre potenciais divergências na gestão e uma possível desaceleração no ritmo operacional da unidade”, escreveram os analistas Rubem Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
Já o BTG Pactual avalia que a mudança gera cautela no mercado, em meio a dúvidas sobre tração de vendas no segundo semestre deste ano, especialmente em Basics e sapatos.
Na mesma linha, a Ativa Investimentos afirma que, enquanto não houver um caminho bem definido na diretoria, as ações da empresa continuarão apresentando volatilidade, “além das mudanças operacionais nas marcas, que continuam surgindo e trazendo mais incertezas”.
A XP também destaca que os ajustes operacionais em curso, somados à incerteza podem levar os investidores a aguardarem maior visibilidade antes de aumentar a exposição às ações.
Os analistas Danniela Eiger, Pedro Caravina e Laryssa Sumer destacam que, com o anúncio, a Azzas 2154 já substitui a liderança de todas as unidades do negócio: Rony Meisler, Luciana Wodzig e Roberto Jatahy deixaram seus cargos anteriores (embora Jatahy permaneça na empresa como Chief Brands Officer).
“Ainda não está claro se esta será a última rodada de mudanças, pois ajustes adicionais podem ocorrer em níveis inferiores”, afirmaram os analistas em relatório.
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Não é hora de vender AZZA3
Apesar das mudanças recentes ao passo da fusão entre a Arrezzo&Co e Grupo Soma, os analistas mantiveram a recomendação de compra.
O Santander avalia que com a saída de Hering, a divisão Basic pode agora passar por uma reavaliação interna, criando oportunidades para destravar uma nova fase de crescimento.
“Acreditamos que essa mudança pode sinalizar progresso em direção à integração total, com as avaliações e ajustes necessários sendo implementados para, potencialmente, destravar o crescimento a longo prazo”, afirmam os analistas em relatório.
O banco tem recomendação outperform (equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 51 — o que representa um potencial de valorização de 54,8% sobre o preço de fechamento de ontem (3).
A equipe da XP também vê potencial significativo nas marcas principais da varejista, com expectativa de melhora no momento dos resultados a partir do 4º trimestre. A corretora tem preço-alvo de R$ 55 — o que representa um potencial de valorização de 63,7% sobre o preço de fechamento anterior.
Já os analistas do BTG Pactual afirmam que o papel segue pressionado desde o último resultado, apesar da surpresa positiva em margem. As ações AZZA3 acumulam alta de 11% nos últimos 12 meses.
Por isso, o valuation segue descontado ante pares do setor — o que oferece atratividade, condicionado à entrega de expansão de margem e crescimento mais consistente no curto prazo, na visão dos analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim, Pedro Lima e Luis Mollo. Ou seja, a ação AZZA3 ainda está barata.
O BTG Pactual tem preço-alvo de R$ 53 — o que representa um potencial de valorização de 57,7% sobre o preço de fechamento da véspera (3).
A Ativa também tem recomendação de compra enxergando potencial nas marcas do grupo e um valuation depreciado.