B3 amplia lista de BDRs elegíveis para o BR+ com Afya, VTEX e Mercado Livre; veja o que dizem os analistas

A B3, a bolsa do Brasil, anunciou no fim do mês de maio os BDRs elegíveis para compor o índice Bovespa B3 BR+, que será atualizado em setembro.
A lista divulgada na nova análise, válida por um ano, incluiu três novos BDRs para reforçar o time de companhias com atuação relevante no Brasil e listagem primária nos Estados Unidos. São eles:
- Afya (A2FY34) – líder em educação médica no Brasil
- Vtex (V2TX34) – uma das plataformas mais relevantes de digital commerce da América Latina
- Mercado Livre (MELI34) – uma das principais empresas de comércio eletrônico da América Latina
Mas o que muda com essa possível nova composição? Segundo o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, a grande vantagem é a diversificação regional.
“A nova listagem traz empresas com expectativa de crescimento e expansão na América Latina e no mundo. Além disso, também acaba tendo um viés de tecnologia, que é o que falta hoje no Ibovespa tradicional”, afirma.
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Vale a pena investir nesses ativos? Veja o potencial de cada BDR
De acordo com Villegas, os últimos resultados da Afya foram muito bons, já que o setor de educação vem passando por um bom momento, então existe toda uma previsão de crescimento da companhia.
“O guidance que foi estabelecido pela Afya mostra que existe uma expectativa de que essa expansão continue através das aquisições de escolas médicas nas regiões norte e nordeste. Já o ponto negativo acaba recaindo nessa nova regulamentação do MEC, que impõe limites de novos campus, curso de medicina presencial, entre outros”, destaca.
Sobre a VTEX, o analista vê uma empresa com bons resultados, mas que enfrenta um mercado ainda um pouco desconfiado. “A empresa ainda precisa mostrar que está com um bom direcionamento no seu nível de alavancagem”.
Por último, Villegas destacou como “queridinho do mercado” o BDR do Mercado Livre.
“Entre os possíveis novos BDRs listados, o Mercado Livre é a tese que o mercado mais tem convicção de crescimento. A empresa já sinalizou que pretende fazer investimentos grandes aqui no Brasil. Então, de todos, acredito que seja a opção que o mercado mais confia e acredita em termos de entrega de resultados”.
A analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, compartilha da mesma visão otimista sobre o Mercado Livre. “MELI é a grande vencedora do e-commerce latino-americano, com vantagens competitivas difíceis de replicar”, afirma.
Entre as vantagens, ela cita a estrutura de entregas eficiente e espalhada pelo país, o que ajuda a fazer entregas rápidas, e a grande variedade de produtos graças aos mais de 10 milhões de vendedores na plataforma.
Além disso, o Mercado Livre conta com o segmento financeiro — o Mercado Pago — para gerar uma receita extra para a companhia com o financiamento de vendedores.
Por esses motivos, a analista considera MELI como uma compounder (empresa com grande potencial de crescimento contínuo), que está diante de mais anos a fio de ganho de participação de mercado e alavancagem operacional.
Ela, no entanto, faz um alerta. “O desafio é o valuation. O BDR é negociado hoje a 38 vezes seu lucro projetado para 2026, segundo o consenso de mercado, após a alta de 35% no ano e 66% nos últimos 12 meses. Por isso, mantemos recomendação de compra, mas com peso menor na carteira devido ao valuation esticado”, conclui.
O que é o índice B3 BR+?
O Bovespa B3 BR+ (IBBR) é um índice lançado pela B3 em agosto de 2024 que combina ações do Ibovespa tradicional com BDRs de empresas brasileiras listadas no exterior.
Na prática, o BR+ oferece ao investidor uma visão mais completa da economia brasileira, ao incluir empresas que não estão listadas diretamente na B3, mas que têm operação significativa no Brasil.
A composição do índice segue regras semelhantes às do Ibovespa, mas com critérios próprios para inclusão de BDRs.
Segundo a B3, para que um BDR entre no índice, a empresa emissora deve ter listagem primária nos Estados Unidos, ser considerada brasileira em operação, receita, sede e modelo de negócios, apresentar liquidez, presença em pregão e peso mínimo no volume financeiro da B3, além de não ser classificada como penny stock, ou seja, não pode ter ações negociadas abaixo de R$ 1 por mais de 30 pregões.
Como tem sido o desempenho do índice?
Desde a sua criação, o índice BR+ tem buscado entregar maior exposição a empresas de crescimento, muitas delas com negócios digitais e atuação internacional.
Como o índice é novo, ainda não há uma base ampla de histórico de rentabilidade, mas ele tende a oferecer um perfil mais dinâmico que o Ibovespa tradicional, com potencial de valorização ligado à economia digital e à inovação.