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B3 prepara entrada no mercado de energia com solução para pré-registro de contratos

14 abr 2020, 16:11 - atualizado em 14 abr 2020, 16:40
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No mercado livre, empresas com grande consumo de energia podem negociar o suprimento e seu preço diretamente junto a geradores e comercializadoras (Imagem: REUTERS/Rahel Patrasso)

A bolsa paulista B3 (B3SA3) pretende entrar no setor de energia elétrica com o lançamento de uma ferramenta para permitir o pré-registro de contratos fechados entre empresas que operam no chamado mercado livre de eletricidade, disse um executivo da companhia nesta terça-feira.

Após ter obtido um aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o produto na semana passada, a B3 espera disponibilizar a solução no terceiro trimestre deste ano, segundo o diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios, Fabio Zenaro.

No mercado livre, empresas com grande consumo de energia podem negociar o suprimento e seu preço diretamente junto a geradores e comercializadoras, em contratos que precisam ser obrigatoriamente registrados junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Atualmente, no entanto, a maior parte dos agentes do mercado registra os contratos na CCEE somente às vésperas da liquidação financeira das operações.

Com o novo produto, a B3 pretende incentivar o pré-registro para aumentar a transparência das operações, permitindo que outros agentes do mercado possam ter algum grau de informação sobre posições e exposição financeira de suas contrapartes, explicou Zenaro.

“A ideia é que, quando você vai fazer uma negociação com uma empresa, você enxergue como está a posição dessa empresa no mercado”, afirmou ele, em teleconferência com jornalistas.

O executivo ressaltou, no entanto, que a B3 ainda avalia como essas informações seriam disponibilizadas, de forma a garantir o necessário grau de sigilo nas transações do mercado.

A proposta de lançamento do produto surgiu após conversas da bolsa com empresas do mercado elétrico, que mostraram preocupação com casos de inadimplência de algumas comercializadoras de eletricidade no ano passado.

Os problemas dessas comercializadoras decorreram de apostas altamente alavancadas em um cenário de preços que não se concretizou. As operações foram possíveis em parte porque a falta de um pré-registro de contratos não permite à CCEE monitorar com precisão a exposição financeira de cada agente do mercado elétrico.

Luz elétrica Energia elétrica
Os problemas dessas comercializadoras decorreram de apostas altamente alavancadas em um cenário de preços que não se concretizou (Imagem: Pixabay)

“De certa maneira, a gente começou a estudar um pouco melhor esse mercado, até usando a expertise da B3 em outros mercados… nossa proposta é de uma solução que a gente chama de pré-registro e monitoramento”, disse Zenaro.

“É uma solução por adesão, ninguém é obrigado a fazer (o pré-registro). Estamos partindo do pressuposto de que vai haver uma alta adesão e que essa adesão vai chamar mais ‘players’… e então você passa a ter uma visão mais completa do grau de exposição das contrapartes, isso ajudaria a dar mais transparência”.

Caso o produto tenha sucesso em gerar um volume significativo de operações, seria possível avançar para outros movimentos, como a criação de uma curva de preços de mercado, acrescentou Zenaro.

Ele também disse que a evolução futura do mercado elétrico poderia incentivar a B3 a trazer novas soluções para o setor, como produtos de gestão de garantias e até a atuação como contraparte central (clearing house), garantindo as operações.

“No limite, dá para pensar em uma bolsa de energia daqui a um tempo… seria uma possível consequência se esse plano der certo e se acontecer essa evolução ao longo do tempo, também dependendo dos clientes”, afirmou.

Para fomentar o uso do novo produto, a B3 tem conversado com comercializadoras com atuação significativa no mercado, com expectativa de que elas usem o pré-registro em suas operações.

Em paralelo, a B3 tem mantido contato com a CCEE para definições técnicas sobre como serão feitos os registros dos contratos.

A intenção da bolsa paulista era inicialmente lançar o novo produto para o mercado de energia no primeiro semestre, mas o movimento foi adiado devido à pandemia de coronavírus e seus efeitos sobre a economia brasileira e global.

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