Banco Central dos EUA dividido adota postura cautelosa com inflação, mostra ata
A ata da reunião de outubro do Federal Reserve (Fed), divulgada nesta quarta-feira (19), mostra que, apesar de o banco central dos Estados Unidos (EUA) ter decidido cortar os juros em 0,25 ponto percentual, a autoridade monetária permaneceu dividida quanto ao rumo da política monetária.
A redução da taxa foi aprovada em meio à preocupação persistente com a inflação, que voltou a subir ao longo do ano e segue elevada por parte dos dirigentes.
Segundo a ata, muitos participantes defenderam a necessidade de um corte dos juros, argumentando que os riscos negativos para o mercado de trabalho se intensificaram nos últimos meses. “Eles notaram que os ganhos de emprego haviam desacelerado neste ano e que a taxa de desemprego havia subido ligeiramente, mas permanecia baixa até agosto.”
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Para esse grupo, o avanço da inflação parece ter perdido força, reduzindo a probabilidade de novas pressões de preços no curto prazo.
Outro conjunto de autoridades, porém, se mostrou contrário à redução. Esses participantes avaliaram que o progresso em direção à meta de 2% ficou estagnado ao longo do ano e que a alta recente das leituras de inflação exige prudência.
Alguns alertaram ainda que expectativas de inflação de longo prazo podem subir caso o Fed afrouxe a política monetária antes da hora, arriscando comprometer a credibilidade do Comitê.
A divergência se estendeu à avaliação sobre quão restritiva está hoje a política monetária. Enquanto alguns integrantes consideraram que, mesmo após o corte, os juros continuariam em território restritivo, outros argumentaram que a resiliência da atividade econômica e as condições financeiras mais favoráveis mostram que a taxa não é tão contracionista.
Para as próximas reuniões, a incerteza permanece. A maioria dos dirigentes acredita que novos cortes podem ser apropriados à medida que o banco central se aproxima de uma postura mais neutra, embora vários tenham sinalizado que outro corte de 25 pontos-base em dezembro não é garantido.
Parte dos participantes avalia que uma nova redução poderia ser necessária caso a economia evolua conforme projetado, enquanto muitos defendem que o nível atual dos juros deve ser mantido até o fim do ano.
Apesar das divergências, há um consenso: “todos os participantes concordaram que a política monetária não estava em um curso predefinido e seria orientada por uma ampla gama de dados recebidos, pela evolução das perspectivas econômicas e pelo balanço de riscos.”