Economia

Banco Central ou Fed: Quem vai cortar juros primeiro? Banqueiro afirma que mercado está muito otimista

13 abr 2023, 14:21 - atualizado em 13 abr 2023, 14:21
Jerome Powell e Roberto Campos Neto, banco Central, Fed
Banco Central e Fed: Economistas fazem suas apostas sobre o futuro dos juros no Brasil e nos Estados Unidos. (Montagem: Money Times)

Nos últimos dias, os mercados nacionais e internacionais comemoraram os resultados da inflação no Brasil e nos Estados Unidos.

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Por aqui, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% em março, desacelerando-se em relação à alta de 0,84% apurada em fevereiro. Mas melhor do que isso: o indicador desacelerou a alta acumulada em 12 meses até março para +4,65%. Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%.

Já nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) também perdeu força no mês passado. A inflação subiu 0,1% na base mensal e avançou 5% no confronto anual, ficando abaixo das estimativas de economistas, de altas de 0,2% e de +5,2%.

Com esses números, o mercado já começou a fazer suas apostas de quando o Banco Central e o Federal Reserve devem começar a cortar as suas taxas de juros. No entanto, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves, acha que é preciso controlar os ânimos.

Durante o evento BTG Together, o banqueiro destacou o mercado americano está mais animado do que deveria sobre o futuro dos juros.

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“A turma acha que o Fed vai cortar os juros no mês que vem ou daqui a duas ou três reuniões, acho que isso não vai acontecer […] Acho mais fácil cair no Brasil que lá”, afirmou, segundo relatou o Valor Econômico.

O problema é que, apesar de uma melhora no indicador cheio, a verdade é que o núcleo da inflação, que exclui a volatilidade de alimentos e energia, deixou a desejar.

Em março, o núcleo teve alta de 0,4% na base mensal e de 5,6% na base anual – apenas 0,6 ponto percentual acima do indicador cheio. A previsão era de aumentos de 0,5% e +5,5%, respectivamente.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, também engrossa o grupo que não apostas em cortes, mas sim em altas. Ele projeta um novo reajuste de 0,25 ponto percentual na reunião marcada para maio.

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“Apesar da sugestão dovish, o comportamento dos núcleos, ainda em aceleração e em patamar elevado, denotam que estruturalmente a desinflação custará a ocorrer. Posteriormente, o Fomc divulgou a ata de sua reunião, com alguns aspectos relativamente ‘velhos’ para a conjuntura atual, devido ao grande foco ao diluído risco atual do contágio do mercado de crédito. Fato também que o texto parece duro após a rodada de dados surpreendentemente fracos divulgados semana passada”, disse.

Já Rafael Passos, analista da Ajax Capital, também destaca que a inflação de serviço também pesa.

“Enquanto bens mostram forte recuo, decorrente do menor preço das matérias-primas e da normalização das cadeias globais de oferta, os preços dos serviços seguem bastante pressionados, mostrando sinal da força da demanda e do mercado de trabalho, aspectos para os quais o Fed tem chamado a atenção”, aponta.

Com isso, ele projeta que a política monetária americana continuará restritiva por um período prolongado.

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Banco Central à frente do Fed

Esteves também pode estar certo no quando diz que o Banco Central pode reduzir a Selic antes. E é nisso que o mercado aposta.

Uma pesquisa da Warren Rena com agentes do mercado aponta que a maioria acredita que o início do ciclo de queda da Selic começa em agosto. Desde agosto do ano passado, a Selic está sendo mantida em 13,75%.

Segundo o levantamento, 12,9% são mais otimistas e apostam em cortes já em junho. Já 31,6% e 25,2% projetam cortes entre agosto e setembro, respectivamente.

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Tem também quem aposta em um ciclo de manutenção da taxa básica de juros mais longo, com 10,3% projetando as primeiras reduções em novembro e 3,9% em dezembro.

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No entanto, nem tudo são flores. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não se animou muito com os números.

Durante um evento organizado pela XP em Washington, Campos Neto disse que a inflação no Brasil caiu, mas pressões permanecem em meio a um componente de demanda “relativamente forte”. Ele ainda lembrou que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro passado iniciou-se um processo de deterioração.

A fala sugere que eventuais cortes na Selic serão muito bem estudados pelo Banco Central e que a autoridade monetária pode esperar por mais dados econômicos para tomar sua decisão.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.