Economia

Banco Central pode afrouxar política monetária, após decisão do Fed, diz Itaú

29 jan 2020, 21:45 - atualizado em 29 jan 2020, 21:45
Sede do Banco Central em Brasília
(Imagem: Reuters/Adriano Machado)

A sinalização de política monetária do Federal Reserve nesta quarta-feira abre espaço para um Banco Central brasileiro “um pouco mais dovish” na margem, disse Roberto Prado, economista do Itaú Unibanco responsável pela análise de economias desenvolvidas e com foco em Estados Unidos.

“É uma restrição a menos para o BC conduzir sua própria política monetária de acordo com suas premissas”, afirmou Prado, para quem os comentários do Fed e do chairman da instituição, Jerome Powell, sobre meta de inflação e cautela com o balanço da instituição deram argumentos para o mercado interpretar a comunicação como “um pouco mais dovish” (inclinada a uma política monetária afrouxada).

O Federal Reserve manteve as taxas de juros estáveis entre 1,50% e 1,75% ​​nesta quarta-feira, em sua primeira reunião de política monetária do ano, com as autoridades apontando um crescimento econômico moderado e um mercado de trabalho “forte” nos Estados Unidos.

Cenário favorável

Uma política monetária afrouxada nos Estados Unidos tende a estimular migração de capital para outros mercados, como o Brasil, o que pode baixar o preço do dólar, reduzir prêmios de risco e diminuir eventuais pressões inflacionárias, abrindo espaço também para corte de juros por aqui.

Falta algo: alta do dólar, em relação ao real, mostra incapacidade da moeda brasileira de atrair interesse dos investidores (Imagem: Money Times)

Enquanto Powell falava, o índice do dólar contra uma cesta de moedas foi às mínimas. No Brasil, o dólar à vista desacelerou muito moderadamente a alta, para na sequência voltar a ganhar força e fechar na máxima em dois meses.

“Isso indica que o real está reagindo a outros fatores para além do Fed”, disse Prado.

O real tem o pior desempenho entre as principais moedas no acumulado de janeiro, período em que o mercado voltou a elevar fichas em mais cortes de juros pelo Banco Central brasileiro.

Falta apelo

Analistas têm afirmado que o movimento de depreciação do real está relacionado à perda de atratividade da moeda como ativo, entre outros fatores, por causa do retorno “extra” oferecido pela renda fixa brasileira em comparação a seus pares, na esteira dos cortes da Selic a sucessivas mínimas recordes.

O BC brasileiro anuncia sua decisão de juros na próxima quarta-feira, dia 5 de fevereiro. Parte do mercado considera a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para um novo piso histórico de 4,25%. A Selic está atualmente em 4,50% ao ano.

A projeção oficial do Itaú é que o BC reduza a Selic em 0,25 ponto na próxima semana e também em março, com o juro básico da economia encerrando este ano em nova mínima recorde de 4%.

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