Economia

Banco Central retomou as rédeas do controle da inflação, afirma ex-diretor, Bruno Serra

08 ago 2025, 15:25 - atualizado em 08 ago 2025, 15:26
inflação banco central - bruno serra
(Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

Os últimos passos do Banco Central (BC) na condução da política monetária mostraram que a autarquia está disposta a fazer o que for necessário para levar a inflação de volta à meta, afirmou o ex-diretor de Política Monetária do BC e atual gestor de fundos do Itaú, Bruno Serra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Durante participação no evento Porto Asset Day, Serra destacou que o BC “trouxe as rédeas do processo (de controle da inflação) de volta para ele”.

Para o ex-diretor, a virada na condução da política de juros começou no final do ano passado, quando os diretores, diante de um cenário adverso e de expectativas inflacionárias desancoradas, abandonaram o ciclo de cortes e passaram a adotar uma postura mais dura.

  • LEIA TAMBÉM: Market Makers destrincham o ‘método de investimento de Mugler e Buffett’ em 3 aulas gratuitas; veja

“Teve uma virada de chave muito rápida. Em três reuniões, o Banco Central saiu de estar cortando juros, para dar uma pancada de juros de 5 pontos percentuais”, relembrou.

Desde então, a autarquia tem adotado uma postura considerada mais agressiva do que a esperada pelo mercado. “O BC está sendo mais duro do que o mercado esperava e está colhendo frutos disso […] O que vemos nesse período é o mercado se acalmando”, afirmou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar das apostas em possíveis cortes na Selic ainda este ano, Serra demonstra cautela. “Talvez o Banco Central possa cortar os juros em dezembro, mas acho que ele não deveria. Ele deveria esperar um pouco mais”, disse, projetando um primeiro corte apenas em março de 2026, embora admita que a redução pode começar já em janeiro.

“O BC sempre pode tomar uma decisão mais dura — como ele tem feito, aliás, desde novembro — e postergar um pouco essa queda em janeiro.”

Já Marco Freire, sócio e gestor dos fundos líquidos da Kinea Investimentos, compartilha da visão de que a autoridade monetária tem espaço para cortes significativos — mas pondera que a decisão dependerá do ritmo desejado de desinflação.

“Quando ele começa a cortar juros depende do quanto ele quer desinflacionar a economia. É uma opção dele, se ele vai querer esperar um pouco mais de três meses para desinflacionar mais a economia, para ficar mais próximo da meta, ou se vai começar esse processo antes”, disse.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Freire também destacou que o mercado já precifica cinco cortes de 0,50 p.p. a partir de abril do próximo ano, mas que há espaço para antecipação: “Eu acho que toda assimetria de risco está nesse corte vir antes ou a vir mais.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.