Economia

Banco Central vai acelerar os cortes na Selic? Entenda o que muda com projeção de inflação dentro da meta

16 out 2023, 14:06 - atualizado em 16 out 2023, 14:06
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Banco Central começou a cortar a Selic em agosto, após a inflação apresentar sinais firmes de desaceleração. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Pela primeira vez desde 2020, a projeção do Relatório Focus para a inflação ficou dentro do teto da meta, após os economistas reduzirem as apostas de 4,86% para 4,75%.

Vale lembrar, que a meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, o teto da meta é de exatos 4,75%. Para o ano que vem, a meta é de 3%, com um teto de 4,50% – a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,88%.

Segundo o economista André Perfeito, a revisão para baixo se justificam após serem divulgados os últimos dados de inflação.

Em setembro, o IPCA subiu 0,26%, acelerando-se em relação à alta de 0,23% apurada em julho. Com isso, a inflação acumula alta de 3,50% nos primeiros nove meses do ano. Em 12 meses, o acumulado é de +5,19%.

“Vieram melhores que o esperado com melhora nos núcleos e na dispersão. De fato, há bons motivos para se pensar uma inflação melhor a curto prazo”, afirma.

Já Volnei Eyng, economista e CEO da Multiplike, destaca que, normalmente, o indicador varia 0,02 ponto percentual para cima ou para baixo. “Desta vez, a variação veio bem agressiva, principalmente por conta dos núcleos de inflação, que começaram a captar tendências de enfraquecimento no consumo”, diz.

Se a inflação de fato seguir as expectativas, significa que o Banco Central terá cumprido o seu papel de controle dos preços. Além disso, para os mais otimistas, os números também abririam espaço para um corte de juros mais acelerado por parte da autoridade monetária.

Pedras no caminho do Banco Central

No entanto, nem tudo são flores. Apesar na desaceleração inflacionária, o Banco Central agora precisa incluir nas suas contas da Selic o efeito da guerra em Israel. Com nove dias de guerra, o mercado financeiro acendeu um alerta vermelho sobre o impacto nos preços do petróleo caso o conflito deixe a Faixa de Gaza e se espalhe pelo Oriente Médio.

Se os preços da commodity subirem muito, isso deve contaminar a inflação global e exigir dos bancos centrais uma postura mais firme.

Além disso, Perfeito lembra que ainda existe uma dúvida sobre o comportamento dos juros longos nos Estados Unidos.

“Até antes da guerra os analistas eram unânimes sobre a elevação dos juros longos nos EUA uma vez que dados econômicos melhores por lá sugeriam que a inflação seria persistente e assim a variável de ajuste seria a parte longa da curva”, aponta.

Outro ponto de atenção é o cenário fiscal do Brasil. O Ministério da Fazenda está com cada vez mais dificuldade de fechar as contas para atingir a meta do arcabouço fiscal de zerar o déficit já no ano que vem.

Copom de outubro

Enquanto isso, o mercado segue precificando um corte de 0,50 ponto percentual. Para Eyng, com o Relatório Focus desta semana, o Banco Central fica respaldado para implementar um novo corte de juros.

“Vale lembrar que a Selic é a taxa de juros da economia brasileira e o mercado já precificou dois cortes de 0,50 pp nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) previstas para os meses à frente”.

O BC iniciou o corte da taxa básica de juros em agosto, quando a Selic estava em 13,75% ao ano. Até agora, já foram dois cortes de 0,50 pp, levando os juros para o patamar de 12,75%.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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