Liquidação do Banco Master marca 41ª intervenção do FGC em 30 anos
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), criado em 16 de novembro de 1995 para proteger depositantes e assegurar a estabilidade do sistema financeiro brasileiro, precisará ser acionado novamente após a liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada nesta terça-feira (18), apenas dois dias após o FGC completar três décadas de atuação.
Essa intervenção será a maior da história do Fundo. Dados de março de 2025 mostram que o Banco Master possuía cerca de R$ 60 bilhões passíveis de cobertura pelo FGC, embora o montante final ainda seja incerto, considerando o teto garantido de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
O Banco Master torna-se assim a 41ª instituição financeira a motivar desembolsos do Fundo Garantidor.
A primeira intervenção registrada pelo FGC ocorreu em março de 1996, com o Banco Dracma, quando foram ressarcidos R$ 363 mil a 154 clientes, naquela época limitado a até R$ 20 mil por depositante.
Até aqui, o maior resgate em termos nominais foi o do Banco Bamerindus, em 1997, que demandou R$ 3,7 bilhões, valor que, corrigido pela inflação, ultrapassaria os R$ 20 bilhões. Outro caso emblemático foi o Banco Panamericano, ligado a Silvio Santos, em 2010, para o qual o FGC desembolsou R$ 3,8 bilhões, quantia que hoje somaria cerca de R$ 9 bilhões.
O Banco Santos, controlado por Edemar Cid Ferreira, também levou à necessidade de suporte do Fundo após crise de liquidez e investigação de crimes financeiros. Edemar chegou a ser preso, tendo falecido em 2024.
A origem do FGC
Além de garantir depósitos, o FGC atua preventivamente, oferecendo suporte de liquidez às instituições associadas, que contribuem mensalmente para o fundo. No final de 2024, o patrimônio estimado do FGC era cerca de R$ 140 bilhões.
A criação do FGC veio na esteira da crise dos bancos Nacional e Econômico em 1995, que expôs fraudes contábeis e rombos bilionários, levando o governo a implementar a obrigatoriedade do fundo como mecanismo preventivo de crises financeiras, ao lado do programa Proer, que visava a reestruturação do sistema bancário.
O acionamento do FGC pelo caso Banco Master simboliza um desafio à estabilidade financeira exatamente no aniversário de 30 anos do Fundo, caracterizando um “presente de grego” para a instituição e seus associados.