Banco Master: TCU dá 72 horas para BC explicar liquidação e aponta possível precipitação
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jhonathas de Jesus determinou que o Banco Central apresente esclarecimentos sobre a decisão de liquidar o Banco Master. Para a corte de contas, a medida adotada pelo regulador foi considerada extrema e pode ter sido tomada de forma precipitada.
O despacho destaca que a atuação do Banco Central indica uma possível demora na busca por alternativas de mercado para a instituição controlada por Daniel Vorcaro, sendo que as análises sobre uma possível reorganização da instituição se estenderam por vários meses dentro do Banco Central antes da decisão final.
Além disso, o TCU avalia que o regulador deveria ter analisado opções menos onerosas antes de optar pela liquidação. Entre os pontos citados está a formalização de uma proposta de aquisição do Banco Master pelo grupo Fictor, que previa um aporte de R$ 3 bilhões, registrada um dia antes do anúncio da liquidação, ocorrido em novembro.
O TCU também afirma ter identificado indícios de irregularidades no processo e deu um prazo de 72 horas, a partir da quinta-feira (18), para o BC explicar a fundamentação e motivação para a liquidação; a não opção por alternativas menos gravosas; as tratativas e cronologia com o Master; e se agiu com coerência interna e governança decisória.
O Banco Central, por sua vez, não comenta procedimentos em andamento conduzidos por órgãos de controle. Apesar disso, informações do Estadão Conteúdo apontam que, a avaliação da equipe do BC é de que o rito legal foi cumprido rigorosamente e sem “queimar etapas”, sendo que foi essa cautela processual que gerou a impressão de lentidão por parte da autarquia.
Crise do Banco Master
Em novembro, a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, após uma investigação apurar um esquema de criação e negociação de títulos de crédito inexistentes, envolvendo instituições do Sistema Financeiro Nacional. As suspeitas incluem gestão fraudulenta, gestão temerária e participação em organização criminosa.
O Master teria repassado ao Banco de Brasília (BRB) cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras fictícias, apresentando documentos falsificados ao BC. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado por 60 dias.
O caso estourou meses após o BRB anunciar, em março, a intenção de adquirir 58% do Master por cerca de R$ 2 bilhões — operação que criaria um grupo com R$ 100 bilhões em ativos. O negócio, no entanto, foi barrado pelo BC em setembro, por falta de viabilidade e alto risco.
Com o avanço das investigações, a autoridade monetária decretou a liquidação judicial do Master. Um dia antes, a holding Fictor havia demonstrado interesse em comprar o banco, prometendo aporte inicial de R$ 3 bilhões. A liquidação transformou o episódio no maior acionamento da história do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), sendo que, em março de 2025, o Master mantinha cerca de R$ 60 bilhões em depósitos cobertos.
*Com informações da Folha de S. Paulo, Estadão Conteúdo e G1