Bancos reduzem projeções de crescimento da China para abaixo da meta de 5% após ‘tarifaço’ de Trump

Os principais bancos do mundo reduziram as projeções para o crescimento econômico da China neste ano, uma vez que as tarifas agressivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem afetar a segunda maior economia do mundo.
As tensões comerciais entre China e EUA têm se intensificado desde que Trump anunciou tarifas recíprocas em 2 de abril, o que levou a taxas retaliatórias sobre os produtos de ambos os países.
Em 11 de abril, a China estava praticamente sob um embargo comercial dos EUA, já que as tarifas norte-americanas sobre o país subiram para 145%. Já nesta quarta-feira (16), a Casa Branca ‘corrigiu’ a alíquota para 245%.
- Relembrando: No início de abril, Trump anunciou tarifas adicionais de 10% sobre todos os produtos exportados para os EUA, além de uma taxa recíproca para alguns países — sendo a China com maior alíquota, de 34% até então. Nesta quarta-feira (9), dia em que todas as taxas entrariam em vigor, Trump ‘voltou atrás’, suspendeu as taxas adicionais por 90 dias e reduziu a alíquota das tarifas recíprocas para 10%, com exceção da China — elevando a tarifa para 145% sobre os produtos chineses. Em retaliações, a segunda maior economia também elevou as taxas, impondo a alíquota de 125% sobre os bens e mercadorias fabricados nos EUA. No último sábado (12), o governo norte-americano isentou as taxas sobre smartphones, computadores e outros eletrônicos e hoje (16) elevou novamente a alíquota contra a China para 245%.
Antes do ‘tarifaço’, alguns dos bancos haviam melhorado suas previsões para a China há apenas um mês, incentivados por sinais de melhora na economia nos dois primeiros meses do ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês do primeiro trimestre superou as expectativas, com um crescimento anual de 5,4%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (16). Os analistas esperavam uma alta de 5,1%.
No ano, a expectativa é de que a segunda maior economia do mundo cresça 4,5%, contra a expansão de 5,0% de 2024, de acordo com economistas consultados pela Reuters. O número também deve ficar abaixo da meta oficial do governo de 5,0% deste ano.
O que esperar de China?
Na avaliação do Citi, há pouco espaço para um acordo entre os EUA e a China após as recentes escaladas de tensão. Para o banco, as políticas domésticas poderiam se concentrar mais na expansão da demanda, com novos estímulos econômicos.
“Esperamos um financiamento adicional de 1 a 1,5 trilhão de yuans (US$ 205 bilhões) enquanto a implementação de políticas se acelera”, diz o banco em relatório.
Na mesma linha, os analistas do Morgan Stanley esperam que as autoridades chinesas antecipem o pacote de estímulo de 2 trilhões de yuans.
Na visão do banco, estão entre as possíveis medidas um “modesto” afrouxamento monetário, a emissão antecipada e implantação de títulos de construção locais, um aumento do programa de troca de bens de consumo, o lançamento de subsídios nacionais à fertilidade e a digestão mais rápida do estoque de moradias.
Já o Goldman Sachs destaca que os eventos recentes ressaltaram a velocidade com que o presidente Trump pode alterar as taxas tarifárias, ao mesmo tempo em que há maior probabilidade que as tarifas mais elevadas sobre os produtos chineses persistam.
“Estimamos que de 10 a 20 milhões de trabalhadores na China podem estar expostos às exportações dos EUA. Espera-se que a combinação de tarifas extremamente altas dos EUA, exportações em declínio acentuado para os EUA e uma economia global em desaceleração gere pressões substanciais sobre a economia e o mercado de trabalho chineses”, dizem os analistas do banco.
O UBS, por sua vez, estima que as exportações da China para o território norte-americano caiam em cerca de dois terços (aproximadamente 67%) nos próximos trimestres, o que deve corresponder a uma redução de 10% em dólares neste ano.
Confira as projeções de crescimento da China neste ano:
Projeção do PIB da China em 2025 | ||
Banco | Anterior | Atual |
Citi | 4,7% | 4,2% |
Goldman Sachs | 4,5% | 4,0% |
Morgan Stanley | 4,5% | 4,2% |
UBS | 4% | 3,4% |
*Com informações da Reuters