Bank of America reforça sentimento de cautela e posição vendida de investidores para ações do agronegócio

O Bank of America (BofA) trouxe algumas visões sobre o segmento de “Agronegócio, Alimentos & Bebidas” após um encontro com 25 investidores no Brasil nas últimas semanas.
Segundo o banco, a maioria está vendida (underweight) no setor, dado o enfraquecimento do dólar e a ausência de catalisadores de curto prazo. A Cosan (CSAN3) foi tema frequente do debate, mas os investidores seguem cautelosos devido aos diversos fatores em jogo.
No segmento de proteínas, o interesse de curto prazo recai para alguns sobre a Minerva Foods (BEEF3), enquanto 3tentos (TTEN3) e SLC Agricola (SLCE3) são as preferidas no longo prazo no agronegócio.
Além do dólar mais fraco, desfavorável para exportadores, os investidores veem um momento pouco animador para os lucros, diante da pressão nos preços das commodities agrícolas, margens de proteínas estáveis ou em queda (principalmente bovinos nos EUA) e ceticismo quanto ao crescimento estrutural de algumas categorias de consumo básico.
A dúvida para Cosan
Nas últimas semanas, foram veiculas diversas notícias sobre interessados em possíveis aumentos de capital, o que acendeu o debate entre investidores sobre o futuro das empresas.
Os investidores acreditam que o processo de desalavancagem da Raízen (RAIZ4) é um passo importante para reduzir riscos na Cosan e que a entrada de um novo acionista seria positiva. Porém, a maioria ainda se mantém cautelosa devido a variáveis que aumentam a incerteza, principalmente:
- O tamanho e o preço dos possíveis aumentos de capital;
- O risco para ambas as empresas em termos de alavancagem e eventual pressão para vender ativos essenciais caso os aumentos de capital não se concretizem.
As proteínas e as agrícolas
No segmento de proteínas, os investidores demonstraram visão positiva em relação à JBS (JBSS32), mas não enxergam catalisadores no curto prazo, já que as margens de carne bovina nos EUA seguem pressionadas. segundo o BofA.
Por outro lado, alguns se mostraram mais construtivos em relação à Minerva para o 3T, dado o comportamento resiliente das margens de carne na América do Sul e o alívio no capital de giro.
Quanto as agrícolas, os investidores parecem ver 3tentos e SLC como boas histórias de crescimento. No entanto, a SLC carece de gatilhos, enquanto a 3tentos tem um momento mais construtivo.
“A maioria acredita que a recuperação do preço do açúcar está demorando mais do que o esperado e que o cenário para o etanol de cana é desafiador, dado o rápido crescimento do etanol de milho”, explicam Isabella Simonato e Fernando Olvera.