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Bank of America surpreende traders com planos de bônus estáveis

25 nov 2020, 13:53 - atualizado em 25 nov 2020, 13:53
Bank of America
As tensões no Bank of America oferecem uma janela para conversas que provavelmente ocorrerão nas próximas semanas em Wall Street (Imagem: Reuters/Lucy Nicholson)

O pagamento de bônus de fim de ano planejado pelo comando do Bank of America vai na contramão das expectativas de operadores de Wall Street de grandes aumentos após um período recorde.

Executivos do alto escalão avaliam manter os bônus para as divisões de vendas e trading no nível do ano passado, apesar do salto de 20% da receita durante os primeiros nove meses deste ano, de acordo com pessoas informadas sobre as conversas que falaram sob a condição de anonimato. O processo ainda está em estágio inicial e passará por períodos de negociação e aprovações.

A liderança do banco pesa o pagamento de bônus contra um cenário em que a pandemia afetou a divisão de consumo e aumentou as despesas. Mas o plano já provoca indignação entre funcionários que esperavam ser recompensados por um ano excepcional.

Os executivos ainda têm tempo para fazer lobby por bônus maiores para mesas de bom desempenho e podem, de fato, conseguir mais dinheiro, disseram algumas pessoas. Ainda assim, os aumentos provavelmente serão modestos.

Um porta-voz da empresa não quis comentar.

As tensões no Bank of America oferecem uma janela para conversas que provavelmente ocorrerão nas próximas semanas em Wall Street, onde os maiores bancos prestam muita atenção às decisões de remuneração dos rivais ao definir seus próprios pagamentos.

Legiões de operadores esperam compartilhar os ganhos das fortes oscilações dos mercados em 2020, nos quais a pandemia e a política dos EUA repetidamente disparam inúmeras ordens de clientes.

Mas líderes do setor enfrentam problemas mais amplos, incluindo perdas com empréstimos, a possibilidade de que os ganhos em trading não durem e a perspectiva de pagar bônus generosos para funcionários com altos salários em um momento de crise econômica.

Expectativas moderadas

Entre os CEOs de Wall Street, Brian Moynihan, do Bank of America, está especialmente familiarizado com a mudança dos ventos políticos após a reconstrução dos negócios e da reputação do banco após a crise de 2008.

Nos últimos anos, o executivo adotou publicamente padrões ambientais, sociais e de governança mais rígidos. Agora, conduz o banco para a ascensão de um governo democrata sob o presidente eleito Joe Biden.

As decisões finais sobre os bônus do banco de investimento serão moldadas pelo resultado do quarto trimestre, disseram as pessoas.

Mas as conversas iniciais já levam gerentes seniores a moderarem as expectativas à medida que as reuniões de final de ano com os subordinados se aproximam.

Logo do Bank of America (BofA) em Nova York
Entre os CEOs de Wall Street, Brian Moynihan, do Bank of America, está especialmente familiarizado com a mudança dos ventos políticos após a reconstrução dos negócios e da reputação do banco após a crise de 2008 (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

Em uma atípica reunião no domingo, um gerente da divisão de renda fixa informou aos funcionários da equipe que deveriam se preparar para receber bônus, na melhor das hipóteses, estáveis.

Até agora, o tom em Wall Street soava mais otimista, e alguns consultores de remuneração projetaram aumentos generosos.

No início do mês, uma pesquisa da Johnson Associates estimou que os bônus de operadores de ações poderiam subir 25%, enquanto para traders de títulos o aumento poderia ser de 45% ou mais.

A receita da divisão de negociação de renda fixa do Bank of America cresceu quase 22% nos primeiros nove meses do ano. O ex-corresponsável da divisão, Jim DeMare, foi promovido em julho para liderar a unidade global de vendas e trading.

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