Bank of America vê ‘caminho certo’ para Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3), mas corta preço-alvo de uma delas

O Bank of America acredita que a gestão de passivos da Cosan (CSAN3) e Raízen (RAIZ4) está em andamento e no caminho certo, e acredita que as companhias devem ter sucessos.
Para as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, a reestruturação de passivos está em grande parte concluída e o foco permanece na venda de ativos, o que pode ser um gatilho importante para destravar o valor das ações.
O banco reforça compra para Cosan (preço-alvo de R$ 14 e potencial de alta de 77%) e Raízen, mas com novo preço-alvo para subsidiária, saindo de R$ 3 para R$ 2,70, refletindo os resultados mais recentes, o processo de gestão de passivos e a nova orientação da Raízen.
Nesta quinta-feira (29), CSAN3 subiu 2,07%, a R$ 8,40 e RAIZ4 teve alta de 1,02%, a R$ 1,99.
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A visão do BofA para reestruturação de Cosan e Raízen
Após 6 meses da reestruturação da gestão, ambas as empresas estão focadas exclusivamente na redução da dívida, ao mesmo tempo em que alongam os vencimentos para reduzir o risco de liquidez.
“Esperamos que as empresas tenham sucesso, dado o time sólido, a qualidade dos ativos e as iniciativas já anunciadas. Ressaltamos que o cronograma ainda é incerto, principalmente em relação à venda de ativos, mas esse é um foco claro da gestão. Ainda assim, acreditamos que as vendas ocorrerão eventualmente, possivelmente desencadeando uma reavaliação das ações”, explicam.
O banco lembra que os dois últimos trimestres marcaram uma mudança de rota na Cosan e na Raízen. Com o dinheiro levantado na venda da participação na Vale (VALE3), a Cosan recomprou dívidas e ações preferenciais.
A dívida líquida foi reduzida em R$ 6 bilhões, enquanto a empresa alongou os prazos e reduziu o custo para CDI+0,91%. “O foco foi a liquidez de curto prazo, e, segundo a gestão, a maior parte do processo foi concluída”.
Por outro lado, a Raízen teve um quarto trimestre da safra 2024/2025 (4T25) ainda mais desafiador. Além de resultados operacionais fracos, a dívida bruta aumentou R$ 5,2 bilhões para cobrir um consumo de capital de giro de R$ 7,1 bilhões, impactado pela substituição de adiantamentos a clientes e operações de forfait.
“Apesar de esperarmos mais um ano de consumo de caixa para a Raízen, o capex deve diminuir, e a gestão prevê ganhos de eficiência a partir do ano fiscal de 2027.”
Os avanços para vendas de ativos
Na avaliação do Bank of America, os ajustes nos balanços das empresas estão em grande parte concluídos e o desafio fica por encontrar compradores/parceiros para os ativos.
“Durante a teleconferência da Cosan sobre o primeiro trimestre de 2025 (1T25), a gestão mencionou estar em discussões avançadas para algumas de suas iniciativas de M&A, mas decidiu não vender participações na Rumo (RAIL3) e na Compass No caso da Raízen, a venda de ativos deve ser mais significativa e incluir usinas de moagem, mas a entrada de caixa mais relevante deve vir da venda do negócio de distribuição de combustíveis na Argentina“.
Apesar do tamanho do ativo, veículos de imprensa indicaram que Trafigura e Glencore podem ser potenciais compradores.
“Estimamos que a venda da distribuição de combustíveis na Argentina, do negócio de Combustível de Aviação e da capacidade de moagem de cana-de-açúcar possa somar entre R$ 10 bilhões e R$ 17 bilhões em valor de mercado, considerando diferentes cenários de Ebitda, múltiplos e volume/preço por tonelada”.