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Banking as a Service: Entenda como produto pode salvar as fintechs

10 mar 2024, 10:24 - atualizado em 10 mar 2024, 10:24
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Fintechs: Custos elevados de infraestrutura, maior governança e complexidade de gestão são os principais fatores para a desistência. (Imagem: Pixabay/kiquebg)

Recentemente, li um artigo excelente da Mareska Tiveron sobre o que uma fintech deve considerar antes de se tornar uma instituição regulada.

O texto não poderia ser mais pertinente num momento que vemos inúmeras empresas desistindo de seus pedidos de licença: apenas nos últimos meses, sete fintechs cancelaram solicitações desse tipo.

Custos elevados de infraestrutura, maior governança e complexidade de gestão (uma instituição de pagamento deve seguir pelo menos cerca de 3 mil normas do Bacen para operar dentro dos padrões regulatórios) são os principais fatores para a desistência.

Para as empresas que querem seguir oferecendo serviços financeiros sem o ônus de custos e processos regulatórios, o Banking as a Service é uma excelente saída, pois faz com que elas sigam focadas no seu produto core, mas com infraestrutura de um agente robusto por trás, sem deixar a inovação de lado.

Segundo uma pesquisa da Intellectual Market Insights Research (IMIR), o mercado de BaaS deve ultrapassar os US$ 5 bilhões até 2031. Entre 2019 e 2031, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) desse mercado no país supera 28%. O ritmo é maior do que a expansão na América Latina como um todo (27,2%), porém fica abaixo da taxa de crescimento anual do México (29,2%), por exemplo.

Se a ideia é não priorizar ter uma licença bancária no curto prazo, é importante observar algumas características importantes na contratação de um BaaS, pois pode representar até 90% do total da infraestrutura necessária para a oferta de serviços bancários. Dessa forma, algumas características da solução serão essenciais para a escalabilidade do produto.

Fintechs: 6 pontos antes de contratar um Banking as a Service

Licença bancária

Integrações B2B são muitas vezes um fator decisivo para a mudança de estratégia de uma empresa, podendo impactar diretamente a linha de receita e a estratégia de produtos.

Para isso, é importante que novos provedores tenham capacidade financeira robusta, processos e governança que prevejam a saúde do negócio no longo prazo.

Contratar um provedor de BaaS com licença bancária significa também trabalhar com uma instituição que segue as melhores práticas regulatórias em relação ao combate e à prevenção de fraudes, priorizando ainda a excelência em ouvidoria, tratamento de eventos de risco com clientes finais e até experiência do usuário.

Perspectiva de roadmap

Para conseguir um planejamento em médio e longo prazo, é importante ter visibilidade do portfólio de produtos disponíveis e quais são as perspectivas de novos produtos. Assim, é possível ponderar o que faz sentido aderir para o negócio, planejar o tempo necessário de integração, desenvolvimento e lançamento para o público final.

Alinhamento estratégico

Já dizia o ditado popular: “Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável”. Por isso, é tão importante ter um bom planejamento estratégico, entender bem quem é o público e quais necessidades se apresentam quando o assunto é a oferta de serviços financeiros.

Depois disso, ter um alinhamento estratégico com a solução de BaaS escolhida logo nos primeiros momentos da parceria é essencial para que ambas as partes se desenvolvam e escalem suas operações de forma saudável e perene.

Liderança e captable

Quem são os investidores e acionistas da empresa? Os empreendedores (ou diretoria executiva) têm experiência no setor? Importante entender também como é a estrutura de compliance, operações e risco, as mais sensíveis para esse tipo de empresa.

As pessoas que estão liderando a operação também dizem muito sobre o negócio, pois são elas que vão ditar os próximos passos da empresa e isso pode impactar a sua atuação. Nesse sentido, estabelecer uma relação próxima e de transparência com os stakeholders da organização faz a diferença.

Dessa forma, é possível ter mais visibilidade sobre como a companhia está organizada, principalmente em áreas que lidam diretamente com itens regulatórios, que tendem a ser mais sensíveis. Além disso, entender as expertises do time e a visão que a empresa de BaaS e sua diretoria têm do mercado também podem ajudar a criar uma estratégia mais assertiva e ajustar a rota, caso necessário.

Stack tecnológico

Optar por uma plataforma nativa em nuvem e totalmente desenvolvida em APIs (Interface de Programação de Aplicação) significa trabalhar com o que há de mais moderno em termos de stack tecnológico. Isso quer dizer que o provedor tem bastante autonomia e velocidade em termos de lançamento de novas funcionalidades e consegue fazê-lo de forma modular, facilitando a sua integração e o alcance da estratégia de portfólio do projeto no longo prazo.

Outro ponto importante é verificar se a documentação da integração (das APIs da solução), está publicada, o que significa que pode ter acesso a como funciona o produto antes mesmo da assinatura do contrato. A documentação da API é uma das variáveis mais importantes para o seu principal stakeholder: o time de tecnologia.

Operação ágil e autônoma

O que usuários de serviços financeiros esperam de novos entrantes? Uma experiência melhor e mais fluída, com o mesmo nível de segurança dos bancos tradicionais. Por isso, é essencial pesquisar bastante os fornecedores de BaaS para garantir a integração com uma instituição que ofereça todo o suporte para a empresa.

São muitas as variáveis a serem consideradas ao contratar um servidor de Banking as a Service, afinal, ele será a base dos serviços financeiros oferecidos pela companhia para seus clientes finais e pode ser um agente na consolidação e escalabilidade da operação. Mirar variáveis como preço, por exemplo, são essenciais no momento da negociação, assim como em qualquer processo de compra. Mas essa certamente não deve ser a razão principal da escolha do parceiro que deve acompanhar a jornada da organização nos próximos anos e ser um ator importante para o futuro do negócio.

Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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