Barata, mas dá para ignorar: BTG rebaixa Usiminas (USIM5) para ‘neutra’ por falta de visibilidade
O BTG Pactual rebaixou a recomendação da Usiminas (USIM5) para “neutra”, com preço-alvo de R$ 10, mesmo vendo a ação negociada a 2,9 vezes seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2023.
O corte se deve a três principais fatores:
- riscos operacionais e baixa visibilidade;
- alocação de capital (menores yields de fluxo de caixa); e
- riscos negativos, com expectativas abaixo do consenso.
Caixa pressionado
Segundo o BTG, a reforma do alto forno 3 em Ipatinga deve impactar negativamente as margens, visto que a companhia precisa comprar de forma agressiva placas de terceiros para manter as entregas.
“O histórico sugere que essas paradas de manutenção podem impactar negativamente as margens Ebitda em 5-10 pontos percentuais”, destacam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, em relatório publicado no domingo (28).
Além disso, completam os analistas, a Usiminas está lutando contra alguns problemas atípicos em suas coquerias, elevando as projeções para capex.
Nesta semana, a Usiminas anunciou em fato relevante investimentos de R$ 1,1 bilhão para reparos emergenciais definitivos na coqueria da Usina de Ipatinga, além de R$ 633 milhões adicionais para a reforma do alto forno 3.
Dada a extensão do capex e das necessidades de capital de giro no curto prazo, o BTG acredita que o fluxo de caixa livre da companhia será prejudicado nos próximos trimestres.
“Estimamos os menores yields de fluxo de caixa para a Usiminas dentro do grupo [setor de mineração e siderurgia], perto de 10% para 2023 (vs. cerca de 20% para Gerdau [GGBR4])”, avaliam Correa e Greiner.
Dentro desse cenário, existe menor espaço para dividendos e programas de recompra de ações, o que o BTG considera como um ponto negativo para uma futura reprecificação das ações.
Para completar, o BTG vê o segmento de aço pressionado por uma combinação de custos crescentes e queda nos preços da liga metálica.
O BTG passou a projetar um Ebitda de R$ 5 bilhões para 2022 e R$ 4,3 bilhões para 2023.
Barata demais para ignorar?
Segundo o BTG, o maior argumento contra um downgrade da tese da Usiminas é que o valuation “está muito barato para ignorar”.
“Embora a gente concorde (parcialmente) com isso, acreditamos a Usiminas deve continuar enfrentando diversos desafios ao longo do próximo ano que impedirão que as ações superem a performance dos pares”, comentam Correa e Greiner.
Passando a considerar downside relevante para a Usiminas em relação ao consenso, o BTG não enxerga mais a ação sendo negociada com desconto para os pares.
“Em um ambiente onde todo o setor está barato, recomendamos que os investidores criem posições mais em Gerdau do que em Usiminas”, aconselha a dupla.
Correa e Greiner esperam que o gap de performance entre as duas empresas fique ainda maior daqui para frente.
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