Grãos

Barter travando fertilizantes só via câmbio não explora a real potencialidade do negócio

22 out 2020, 16:45 - atualizado em 22 out 2020, 16:45
Insumos de fertilizantes representam 30% dos custos de produção da soja (Imagem: REUTERS/Roberto Samora)

É possível afirmar que a esmagadora maioria dos produtores que amarram antecipadamente  as vendas de soja com a aquisição de fertilizantes o fazem tentando estabelecer o efeito cambial sobre custo destes insumos. Mas a avaliação da relação de troca, contra a entrega do grão precificado a futuro em Chicago, não deveria ficar presa apenas ao dólar.

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Vira quase um hedge.

Quando as demais variáveis ficarem mais inteligíveis, o barter deverá crescer mais ainda sobre os 30% a 35% da produção de oleaginosa no Brasil. A visão é de Marcelo Mello, consultor da StoneX, que dá um exemplo.

Se o produtor for tentar estabelecer a trava para março de 2022, com a tela da bolsa de mercadorias a US$ 9,59/bushel e um prêmio Paranaguá baixo (talvez US$ 0,50) para a colheita brasileira concluída nessa época (e oferta abarrotada), ele não vai fazer porque está longe demais para pensar em câmbio. Mas a disponibilidade do fosfato e do potássio, as duas principais matérias-primas, a preços de hoje, poderiam compensar, por exemplo.

Daí, até, que Mello ainda vê muito pouco barter rodando para a safra 21/22, nem 5% se ele fosse chutar.

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O problema é mais de fundo, no entanto. O mercado de fertilizantes é “pouco transparente” e negociar com as tradings e algumas cooperativas, “agressivas e rápidas”, e tecnicamente preparadas, não é para principiantes.

A volatilidade desses insumos, participantes com 30% do custo de plantio, em uma cadeia pulverizada de fornecedores mundiais, que vão do Canadá à Europa Oriental, torna tudo mais complicado na formação de preços.

“Mas, bem gerenciado, o produtor consegue uma redução de custos de 10% a 15% por safra”, afirma o consultor de fertilizantes da StoneX.

Quem presenciou a gangorra de preços entre novembro de 2019 a janeiro de 2020, entre os fosfatados e os potássicos, e travou para safra 20/21, a que está sendo plantada (com atraso), sabe o Marcelo Mello quer dizer. E nem o câmbio e nem a soja apontavam para a realidade altamente positiva deste segundo semestre, particularmente.

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“A relação de troca foi espetacular este ano”, complementa, lembrando que foi a melhor em cinco anos com a combinação de demanda chinesa puxando os preços e encurtando a oferta, real desvalorizado tornando o produto mais barato e fertilizantes travados com vantagens entre final do ano passado e começo deste.

Se alguém fosse fazer o barter agora para a safra atual estaria pagando em torno de 16 sacas por tonelada de fertilizante, com Chicago novembro a US$ 10,70 mais o prêmio porto de US$ 2,25.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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