Gestor com R$ 130 bi vê dois papéis mais atrativos após ‘liquidação’ com tarifas de Trump

Na bolsa, dois papéis que sempre foram muito queridos pelos investidores, despencaram: Embraer (EMBR3) e WEG (WEGE3). Altamente expostos ao mercado americano, as companhias viram as suas ações derreterem mais de 20% após o presidente Donald Trump taxar o Brasil em 50%.
Mesmo assim, o gestor da Kinea Investimentos, que administra R$ 131 bilhões, Ruy Alves, vê a dupla mais atrativa após o tombo.
“No Brasil, há apenas alguns casos específicos que despertam interesse. Por exemplo, nesta correção causada pelas tarifas, Embraer e WEG, ficaram mais atrativos”, disse em entrevista ao Money Times.
Naturalmente, afirma ele, a aposta é de que essas tarifas sejam revertidas.
“Não se trata de um ambiente cheio de oportunidades no mercado de ações. O que há são oportunidades macroeconômicas. Para a bolsa brasileira subir de forma sustentada, é necessário basicamente que a curva de juros B longa [de longo prazo] feche”
Ele diz ainda que talvez não seja interesse do governo reverter essas tarifas.
“Dá popularidade para o governo essas tarifas e não afeta o governo macroeconomicamente. Você reverteria se fosse o governo? Você negociaria para reverter? Se está ajudando popularidade e, ao mesmo tempo, o efeito macroeconômico é pequeno?”.
Redução das incertezas
Ainda segundo Ruy, é possível ver alguma luz no fim do túnel.
“Eu espero que tenha passado pelo pior da incerteza. Quando se lida com alguém que tem uma ideologia muito forte, o problema é até onde essa ideologia vai acima da racionalidade”.
Na sua visão, parece que “o pior momento desse embate já passou — ou está em vias de passar —, no sentido de que ele está chegando a acordos”.
“Sei que ainda existem tarifas específicas, setoriais, mas estão sendo concluídos alguns dos acordos mais difíceis, como com Japão, União Europeia e Coreia. Isso indica que o pior momento pode estar ficando para trás”.
Para ele, agora, o investidor espera que Trump, finalmente, comece a atuar da forma mais pró-mercado.
“Mas, de modo geral, mesmo que se apliquem tarifas de 15% nos momentos mais críticos, o efeito macroeconômico não é tão significativo”.
Em sua visão, o mais importante é eliminar a incerteza.
“Uma vez fixada a tarifa de 15%, essa incerteza é removida, o impacto macroeconômico permanece limitado, e o ambiente se torna mais propício ao investimento, com um grau maior de previsibilidade”.