BBAS3, BBDC4, ITUB4, SANB11: Um banco pode ver lucro derreter mais de 60%; veja o que esperar dos balanços do 3T25
Os bancos voltam ao campo de batalha nesta semana, com o Santander (SANB11) abrindo a temporada de balanços na quarta-feira (29), antes da abertura do mercado. À noite, após o fechamento, é a vez do Bradesco (BBDC4) mostrar suas cartas.
De acordo com a XP, em meio a uma Selic de 15%, não há escapatória: haverá desaceleração das carteiras de crédito, devido a uma concessão mais cautelosa.
A corretora destaca que as carteiras de agronegócio e de pequenas e médias empresas (PMEs) devem sofrer com piora dos NPLs (Non-Performing Loans, ou empréstimos em atraso e com baixa probabilidade de pagamento).
Por outro lado, a carteira de pessoas físicas deve continuar apresentando ritmo mais lento de deterioração.
O Safra reforça que o custo de risco deve continuar em expansão na margem para todos os bancos, com Banco do Brasil (BBAS3) e Santander enfrentando os números mais desafiadores.
“Casos rurais e alguns corporativos devem ser os mais prejudiciais para os indicadores de qualidade de ativos”, aponta o Safra.
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Mesmo com juros elevados, o Safra ainda vê resiliência no ciclo de crédito, que tem sustentado crescimento acima de 10%, sem deterioração relevante na inadimplência consolidada.
O UBS BB vai na mesma linha: o banco não espera deterioração significativa da qualidade dos ativos, embora reconheça sinais negativos iniciais que merecem atenção, como o aumento do índice de inadimplência.
Bom trimestre, mas não ótimo
O JPMorgan ressalta que, após um primeiro semestre dominado pela expansão do NIM (Net Interest Margin, ou margem líquida de juros) — que deve continuar em parte —, a atenção dos investidores agora se volta para a qualidade dos ativos.
“Acreditamos que a inadimplência do consumidor continuará comportada — apoiada por inflação baixa, transferências sociais, desemprego reduzido e crescimento real dos salários —, mas alguma piora marginal nos empréstimos comerciais deve ser esperada”, escreve o banco.
Apesar do crescimento de crédito mais forte do que o esperado no ano, o JPMorgan projeta desaceleração adiante, influenciada pela valorização do real e pelo fraco desempenho de produtos como o crédito consignado tradicional.
Os analistas destacam, ainda, que o terceiro trimestre marca o reajuste salarial de 5,68%, o que deve gerar pressão mínima nas despesas gerais e administrativas.
Entre os bancos, o JPMorgan vê bons resultados para o Bradesco, mas números ainda pressionados para o Banco do Brasil, cujo lucro, segundo o Safra, pode despencar 64%.
Santander: abrindo a porteira
O Santander será o primeiro a apresentar resultados, com expectativa de melhora operacional após um segundo trimestre considerado modesto.
O UBS BB projeta que, após queda de 1% na carteira de crédito no 2T25, o banco deve mostrar leve recuperação, ainda que a valorização do real continue pressionando a carteira corporativa, mas com menor intensidade.
O Safra prevê lucro praticamente estável na comparação trimestral, com piora da margem financeira (NII) — a mais fraca do ano — devido ao maior número de dias úteis e ao gap elevado de 12 meses na taxa média de juros.
Já a carteira de crédito deve acelerar, puxada por PMEs, financiamentos e cartões de crédito, especialmente no segmento de alta renda.
“As provisões líquidas devem permanecer praticamente estáveis (custo de risco -6bps t/t), enquanto os NPLs seguem sob pressão”, aponta o Safra.
| Corretora | Lucro (R$ bi) | Variação (Ano) | ROE (%) |
|---|---|---|---|
| J.P. Morgan | 3,8 | 3% | 16,6 |
| Safra | 3,65 | -0,5% | 15,9 |
| UBS BB | 3,77 | 2,9% | 16,2 |
Bradesco: o retorno do gigante?
Depois de uma longa travessia no deserto, o Bradesco deve ser o destaque da temporada, segundo consenso entre as casas de análise.
A Genial Investimentos projeta mais um trimestre de recuperação da rentabilidade, com crescimento robusto de receitas e inadimplência sob controle, resultando em novo avanço sequencial do lucro.
“Vemos continuidade do plano de reestruturação — fechamento de agências, redução de headcount, digitalização gradual do varejo massificado, foco no cliente de alta renda e busca por mais eficiência e agilidade”, diz o relatório.
O UBS BB reforça a tendência positiva, destacando a expansão adicional da margem de clientes, sustentada por captação mais barata e recuperação do crédito.
Já o JPMorgan cita evolução das despesas, já que o banco aproveitou o bom momento da receita para reforçar provisões legais.
“Os NPLs continuam sob controle, mas esperamos leve deterioração no custo do risco, principalmente ligada à John Deere, com pressão nos empréstimos para o agronegócio”, afirma o banco.
O Safra acrescenta que o segmento de seguros deve reportar outro trimestre forte, possivelmente superando o guidance anual.
Para 2026, o Bradesco deve acelerar investimentos em opex, apoiado por receita robusta, o que levará a um crescimento de 7% na linha.
| Banco | Lucro (R$ bi) | Variação (Ano) | ROE (%) |
|---|---|---|---|
| J.P. Morgan | 6,2 | 20,1% | 14,7 |
| Safra | 6,29 | 20,4% | 15,0 |
| UBS BB | 6,27 | 20,1% | 14,9 |
Itaú: consistência que fala por si
O Itaú Unibanco (ITUB4) continua sendo o banco mais consistente do país, e o terceiro trimestre não deve ser diferente.
A Genial projeta lucro recorde de R$ 11,84 bilhões, um pouco abaixo do consenso, mas com alta sequencial de 2,9% e crescimento anual de 10,9%.
O ROE (Return on Equity, retorno sobre o patrimônio líquido) deve atingir 22,1%, consolidando o Itaú como o mais rentável e capitalizado entre os grandes bancos.
“Mantemos visão construtiva para 2025, com expectativa de crescimento de lucro em dois dígitos e foco em ganhos de eficiência — via redução de agências, otimização de headcount e monetização gradual do Super App One Itaú”, diz a casa.
O JPMorgan vê um trimestre sem surpresas, o que reforça a tese de investimento no banco, enquanto o Safra destaca a forte originação de linhas governamentais para PMEs como principal driver de crescimento.
Apesar disso, o Safra espera desempenho mais fraco do NII (+0,8% t/t), devido à sazonalidade desfavorável nas operações estruturadas de atacado.
| Banco | Lucro (R$ bi) | Variação (Ano) | ROE (%) |
|---|---|---|---|
| J.P. Morgan | 11,8 | 10,6% | 23,0 |
| Safra | 11,80 | 10,6% | 23,2 |
| UBS BB | 11,93 | 11,8% | 23,2 |
Banco do Brasil: a ovelha negra da safra
O Banco do Brasil deve novamente entregar o pior resultado do ano, segundo a Genial, pressionado pela alta da inadimplência.
Enquanto os pares mantêm ou ampliam a rentabilidade, o ROE do BB deve cair abaixo de 10%, mesmo com suporte regulatório da MP 1.314.
“Os dados do Bacen reforçam o quadro desafiador no agro, sobretudo entre produtores alavancados do Centro-Oeste, que representam cerca de um terço da carteira”, afirma o relatório.
O Safra também prevê queda acentuada de 64% no lucro, destacando que a deterioração rural deve gerar alta de 159bps t/t nos NPLs de 90 dias, além de pressão adicional das PMEs, com aumento de 14bps.
Já o JPMorgan aponta que as expectativas dos investidores pioraram após atrasos na MP 1.314/2025, que permitiria refinanciamento do agronegócio.
“Enquanto há alguns meses se esperava um trimestre semelhante ao anterior, acreditamos agora em um 3T25 mais desafiador”, escreve o banco.
| Corretora | Lucro Líquido (R$ bi) | Variação YoY | ROE (%) |
|---|---|---|---|
| J.P. Morgan | 3,6 | — | 12–13 |
| Safra | 3,48 | -63,4% | 7,8 |
| UBS BB | — | — | — |