BC do Japão considera que acordo comercial aumenta chance de inflação atingir a meta

O acordo comercial do Japão com os Estados Unidos reduziu as incertezas que cercam a economia japonesa, disse o vice-presidente do banco central do país Shinichi Uchida, sinalizando otimismo de que as condições para a retomada dos aumentos da taxa de juros podem começar a se estabelecer.
O comentário de Uchida foi feito horas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado um acordo comercial com Tóquio que reduz as tarifas sobre as importações de automóveis, um dos principais produtos do Japão, e poupa Tóquio de novas taxas punitivas sobre outros produtos.
“É um progresso muito grande que reduz a incerteza para a economia do Japão”, disse Uchida nesta quarta-feira, acrescentando que o Banco do Japão incorporará o acordo em suas projeções trimestrais de crescimento e preços na próxima reunião em 30 e 31 de julho.
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“Dada a diminuição da incerteza, por definição, pode-se dizer que a probabilidade de o Japão atingir uma inflação de 2% de forma duradoura aumentou”, disse Uchida em uma coletiva de imprensa.
As autoridades do Banco do Japão têm dito repetidamente que precisam estar mais convencidos de que a inflação atingirá de forma sustentável sua meta de 2% antes de aumentar ainda mais a taxa de juros.
Embora ainda haja alguma incerteza sobre como as tarifas podem afetar as economias, o Banco do Japão está analisando os riscos de alta e de baixa para a atividade econômica e os preços, disse Uchida.
“O Banco do Japão precisa ajustar a política monetária para melhor equilibrar os riscos de alta e de baixa a partir da perspectiva de manter a estabilidade econômica e de preços”, disse Uchida em um discurso anterior para líderes empresariais na cidade de Kochi, no sudoeste do país.
Ele reiterou a decisão de continuar elevando os juros se a economia e os preços estiverem de acordo com suas previsões.
Fontes disseram à Reuters que o próximo relatório trimestral do Banco do Japão alertará sobre a incerteza quanto ao impacto das tarifas dos EUA, mas pode oferecer uma visão menos pessimista sobre o impacto de curto prazo na economia do que há três meses.
Uchida disse que o acordo comercial reduzirá enormemente a incerteza para as empresas e, junto da intensificação da escassez de mão de obra, as estimulará a seguir aumentando os salários.
O Banco do Japão espera que a inflação subjacente, ou aumentos de preços impulsionados pela força da demanda interna, atinja sua meta de 2% por volta da segunda metade do ano fiscal de 2026 a 2027, acrescentou.