Internacional

BC dos EUA está perto de revelar nova estratégia para inflação

17 ago 2020, 15:35 - atualizado em 17 ago 2020, 15:35
A taxa de equilíbrio de 10 anos, um indicador para a inflação anual esperada na próxima década calculado sobre os contratos negociados no mercado, está em 1,66%, após atingir a mínima de 0,47% em março (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

O banco central dos EUA (Federal Reserve) revelará em breve uma mudança sutil, porém profunda, na condução da política monetária na maior economia do mundo, oficialmente adotando uma visão mais flexível sobre a inflação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além de ajudar a resgatar a economia dos EUA durante a pandemia do coronavírus, o presidente do Fed, Jerome Powell, e seu colegas também estão finalizando a primeira revisão do banco central sobre a forma de perseguir o duplo objetivo de pleno emprego e estabilidade de preços, conforme mandato definido pelo Congresso para a instituição.

É um processo que começou no início de 2019 e incluiu audiências por todo o país. Os resultados serão apresentados em breve, talvez em setembro.

“Isso vai sinalizar claramente para o mercado que não só o Fed tolera inflação temporariamente acima de 2%, mas que prefere isso e tentará mirar nessa direção”, explicou Mickey Levy, economista-chefe para os EUA e Ásia na Berenberg Capital Markets.

Outros economistas entrevistados fizeram exatamente a mesma previsão e concordam que muitos integrantes do Fed já perseguem essa estratégia há meses. Os investidores também esperam a mudança.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A taxa de equilíbrio de 10 anos, um indicador para a inflação anual esperada na próxima década calculado sobre os contratos negociados no mercado, está em 1,66%, após atingir a mínima de 0,47% em março.

“O aumento das expectativas de inflação é, em parte, indicativo de que o mercado começa a precificar a mudança do Fed”, disse Bill Merz, estrategista sênior de carteiras e chefe de pesquisa de renda fixa na U.S. Bank Wealth Management, em Minneapolis.

O Fed pode revelar quanto e como vai finalizar a revisão esta semana, quando divulgar a ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de 28 e 29 de julho.

A mudança na forma como o Fed procura controlar a inflação pode soar modesta, mas é significativa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Fed declarou a meta de 2% para a inflação pela primeira vez em 2012 e as autoridades interpretaram que deveriam sempre mirar em 2%, não importa o quanto o resultado ficasse longe disso ou por quanto tempo. Águas passadas, diziam.

Mas a métrica preferida do Fed para a inflação ficou consistentemente abaixo disso, em apenas 1,4% na média desde a introdução da meta.

É um problema frustrante para as autoridades do banco central. Junto com o baixo crescimento econômico, o quadro significa que as taxas de juros permaneceram historicamente baixas, o que reduziu a capacidade do Fed de combater crises econômicas futuras, tornando-as mais profundas e demoradas, destruindo mais empregos e empresas.

A atual recessão, induzida por uma pandemia, é um exemplo perfeito. O limite inferior do intervalo da meta do Fed para a taxa básica de juros estava em apenas 1,5% quando a crise estourou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A taxa foi reduzida prontamente a zero em dois movimentos em março, mas não foi nem de longe uma resposta suficiente à pior recessão desde a Grande Depressão.

Mais uma vez, o Fed foi forçado a fazer compras gigantescas de títulos de dívida para estabilizar os mercados e reduzir os custos reais de captação. Ainda não está claro se essas medidas serão eficazes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

bloomberg@moneytimes.com.br