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Betano deixa clientes irritados ao cancelar jogo e Blaze ‘não existe’; o curioso mundo dos sites de apostas

05 maio 2023, 12:04 - atualizado em 05 maio 2023, 12:04
Blaze aposta Felipe Neto
Brasileiro foi pessoalmente ao endereço da Prolific Trade, que consta no site da Blaze como operadora, e filmou a ‘aventura’ (Imagem: Blaze/Reprodução)

Os sites de apostas estão ganhando cada vez mais espaço entre influenciadores. Em casos recentes, a Betano Brasil errou um mercado, e nesta quinta-feira (4) comunicou por meio de seu perfil no Twitter que “dado o ocorrido, e com mais de 24h para a realização do jogo, a aposta foi considerada NULA”. Enquanto isso, brasileiro vai até endereço da Blaze e mostra que empresa não existe.

“Nenhum usuário foi prejudicado e os valores retornaram às suas contas normalmente. Os mesmos mercados já estão disponíveis novamente, com Odds corretas”, continua. Entretanto, a questão chateou os apostadores, que reclamaram aos montes na seção de comentários.

O fato é que, em casos de prejuízo causado por erro da plataforma, como o cliente pode recuperar o dinheiro? Em situações normais, por processos judiciais, iniciados com notificações entregues no endereço físico da empresa. A sede deve conter também um tipo de reserva, que pode ressarcir o cliente.

Não é o caso da grande maioria dos sites de apostas, conforme acusa Daniel Scott, empresário e investidor-anjo. Não somente acusa, como foi pessoalmente ao endereço de uma delas, a Blaze, para confirmar a suspeita.

Enquanto Betano desagrada clientes, a Blaze ‘não existe’

A Blaze é um site de apostas que patrocina celebridades e personalidades como Felipe Neto e Neymar Jr. Na última quarta-feira (3), Scott foi pessoalmente ao endereço da Prolific Trade, que consta no site da Blaze como endo sua operadora, e filmou a ‘aventura’.

No vídeo ele mostra que o endereço é na realidade de uma empresa chamada Trustmoore, uma Shell company. Uma “shell company” ou “shell corporation” é um tipo de corporação normalmente utilizada por startups que ainda estão “queimando caixa”, ou seja, em fase inicial sem muita expectativa de lucro. A ideia é de permitir que a empresa tenha um endereço físico, sem realmente possuir um.

Conforme Scott contou ao Money Times, há muito tempo tem visto “grandes influenciadores divulgarem a Blaze. Muitos, inclusive, com vídeos de falsos ganhos.”

“Há alguns anos uma empresa Party Poker “quebrou” por causa do Unlawful Internet Gambling Enforcement Act nos EUA em 2006. O que aconteceu? Virou Bwin e recomeçou tudo de novo. A vantagem de uma Shell Company é essa flexibilidade. Essas empresas “não existe”, são apenas nomes com uma caixinha de correio onde querem estar. Curaçao, Cayman, VBI”, diz.

“Como já trabalhei em projetos de segurança de informação, me parecia muito absurdo como uma empresa dessas operava livremente. Foi quando decidi ir atrás das informações sobre ela”, diz.

Ele conta que foi muito difícil achar informações sobre localização e os donos. Até porque, conforme diz, a ideia deles usarem shell companies é exatamente para esconder as informações. 

“Há muito tempo eu já tinha visto que essas empresas são de Curaçao, que é um paraíso fiscal. Daí como vim para cá, resolvi fazer o vídeo e alertar outras pessoas”, diz.

Em sua opinião, o caminho é regular os influenciadores. Ele comenta que sua mulher é especialista em direito do consumidor e conversam bastante sobre o tema.

“Já existem precedentes de influenciadores que tiveram responsabilidade solidária na cadeia de produtos. Isso no Brasil e nos EUA. Nos EUA tiveram casos bem famosos recentemente. Aqui no Brasil tiveram casos de influenciadores que foram penalizados por indicarem golpes. Eles foram considerados como fornecedores”, explica.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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