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Black Friday da Bolsa: As ações baratas com potencial de até 144%, segundo analistas

29 nov 2024, 7:00 - atualizado em 29 nov 2024, 0:33
Bolsa
É justamente nas quedas que as oportunidades podem aparecer. (Imagem: iStock/Talaj)

A Black Friday chegou trazendo promoções com até 80% de desconto. Para além de consumidores ávidos por pechinchas, há outra ‘loja’ dando sopa com bens baratos. Trata-se da bolsa de valores.

É bem verdade que o custo-benefício não anda dos melhores. No ano, o principal índice, o Ibovespa, despenca nada menos que 5%. Só nas últimas duas seções, perdeu mais de 2%.

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É um produto que costuma ser ‘volátil’ e suscetível a interferências externas, vide crises econômicas ou problemas do governo, como o pacote fiscal anunciado pela equipe econômica do ministro Fernando Haddad.

Apesar disso, é justamente nas quedas que as oportunidades podem aparecer. De acordo com analistas consultados pelo Money Times, o Ibovespa negocia a um preço sobre lucro de 9 vezes, quando o padrão do mercado é 20 vezes.

Mas a questão é saber: ele vale a pena? O analista Bruno Komura, da Potenza Investimentos, diz que ao mesmo tempo em que os preços dos ativos caem, os lucros sobem. Ou seja, as companhias estão entregando resultados.  Segundo dados da XP, 34% das empresas reportaram lucros acima do esperado, o que foi considerado positivo.

Contudo, os juros mais alto e o risco Brasil jogam contra.

A expectativa é de uma taxa Selic em mais de 13% até o final do ciclo. Enquanto isso, a alocação de investidores estrangeiros está baixa, assim como a dos investidores locais — com fundos de pensão comprados em renda fixa (NTNB) que não precisam tomar risco para bater a meta e os fundos multimercado sem posição.

“Com os juros mais altos tanto lá fora quanto aqui no Brasil, podemos ter um múltiplo “justo” mais baixo, mas de qualquer forma, não nas mínimas”, diz Komura.

Mesmo assim, analistas ainda veem algumas empresas atrativas suficientes para estarem nas carteiras de investidores. São papéis que caíram e oferecem bom potencial de alta. Mas primeiro: o que é uma ação barata?

Aos números

Um dos principais indicadores que analistas usam é P/L (preço sobre lucro), que basicamente mede quantos anos de lucro da empresa ou do índice seria equivalente ao valor de mercado.

Um indicador alto significa que o investidor demorara mais para ter o seu investimento de volta. Ou seja, o papel está caro.

Porém, ele não é único. Há também o fluxo de caixa descontado. Nesse caso, o analista calcula toda a capacidade de geração de caixa futuro e traz a valor presente descontado pelo custo médio de capital.

Hayson Silva, analista da Nova Futura, diz que um P/L (preço sobre o lucro) baixo pode indicar subavaliação, enquanto um P/VPA (preço sobre o valor patrimonial) abaixo de 1 sugere que o preço está abaixo do valor patrimonial da empresa.

Já o EV/Ebitda mede o potencial de geração de lucro operacional. Geralmente, empresas com este índice baixo são atraentes para investimento. Por outro lado, um EV/Ebitda alto pode significar que a empresa está cara, ou que o mercado tem grandes expectativas de crescimento.

O ideal, mesmo, é que o investidor utilize maior número de informações, proporcionando uma visão mais completa e contextualizada do valor real da ação.

Para efeito de comparação, contudo, a reportagem optou por pedir aos analistas o preço sobre o lucro dos papéis e o preço-alvo de cada ativo.

Veja abaixo:

Eletrobras

Preço-alvo: R$ 60

Potencial de alta: 76%

Preço sobre lucro: 6x

De acordo com Komura, da Potenza, a elétrica privatizada em 2022, ainda durante o governo Bolsonaro, foi penalizada devido ao ruído com o governo. No ano, a queda soma 18%.

Desde o início da gestão Lula, o Planalto questiona a participação da União no conselho da Eletrobras (ELET3), que possui fatia de 33% na companhia, porém representação de 10% nas decisões. A medida foi tomada como uma forma de blindar a empresa de intervenção política.

“Os problemas continuam, mas não parecem tão grandes. A nova gestão está mostrando uma boa comunicação com o governo e os preços de energia parecem que normalizaram depois de todo stress climático que tivemos até outubro”, afirma.

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Ainda segundo ele, o turnaround (recuperação) continua ocorrendo (resultado da privatização) e o potencial para distribuição de dividendos no futuro é alto.

Vamos

Preço-alvo: R$ 11

Potencial de alta: 90%

Preço sobre lucro: 5x

A Vamos (VAMO3) é outro papel que está em evidência. A companhia aprovou a cisão de seu negócio de concessionárias, que deverá se unir com Automob, criando uma nova empresa no grupo Simpar.

Apesar de ter sido elogiado pelo mercado, a ação não reagiu na bolsa, com tombo de 38%.

Segundo Komura, a Vamos foi afetada por diversos fatores. Os mais recentes envolvem o cenário macroeconômico (alta dos juros) e a proposta de separação do negócio de concessionárias.

“Todas as empresas do grupo possuem alto nível de alavancagem e por isso, as ações sofrem mais com a abertura da curva de juros (expectativa de juros mais altos no futuro)”, disse.

Para ele, a separação do negócio de concessionárias traz a tona um ponto que sempre preocupou o mercado: a governança corporativa, que neste caso não deve levar em consideração a opinião dos minoritários.

“Entendemos que as ações estão baratas porque a locação de caminhões é rentável e apresenta um bom nível de previsibilidade, enquanto que o negócio de concessionárias (que vai ser separado) é altamente cíclico e com margens apertadas, ou seja, no final teremos uma companhia dominante e um ótimo segmento”.

Magazine Luiza

Preço-alvo: R$ 14,4

Potencial de alta: 60%

Preço sobre lucro: 21,48x

Esse é uma indicação um tanto polêmica. O Magazine Luiza (MGLU3), sem dúvida, é uma das grandes vencedoras da bolsa no longo prazo. Porém, sofre com o ambiente macroeconômico. No ano, o papel já perdeu 53% do seu valor.

O preço atual, de R$ 9, é o menor dos últimos cinco anos. Porém, o analista Hayson Silva, da Nova Futura, diz que a empresa negocia abaixo da sua média histórica.

“Dado o cenário atual e as perspectivas positivas para o setor, vemos um bom potencial de valorização para a ação. Por isso, mantemos nossa recomendação de compra, confiantes de que a empresa está bem-posicionada para se beneficiar da recuperação do ciclo econômico”, afirma.

No terceiro trimestre, a empresa reverteu o prejuízo de quase R$ 143 milhões visto no terceiro trimestre do ano passado e reportou lucro ajustado de R$ 70 milhões.

A cifra é quase o dobro do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava R$ 38 milhões.

Dessa forma, a companhia, que foi do céu ao inferno em meio ao aumento dos juros, dá mais um passo em sua recuperação das margens.

Esse foi o quarto trimestre seguido no azul e que não deve parar por aqui, segundo o gerente de relações com o investidor, Lucas Ozório.

Brava

Preço-alvo: R$ 47

Potencial de alta: 144%

Preço sobre lucro: 18,83x

Fruto da fusão entre Enauta e 3R Petroleum, a Brava (BRAV3) é uma das promessas da bolsa. Apesar disso, a companhia cai cerca de 12% desde que estreou, em 9 de setembro. A interrupção do campo de Papa Terra, o maior da companhia, com a queda do petróleo trouxe preocupações.

Porém, segundo Anderson Miranda, head de distribuição W1 Capital, a empresa caiu e ficou bastante descontada com as incertezas do petróleo. “Não perdeu seus fundamentos e já está voltando com bastante força, mas, ainda sim, muito descontada”.

A ação chegou a saltar 20% nas últimas sessões após assinar os principais contratos para a primeira campanha integrada de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe por meio de uma interligação. Porém, caiu em meio à queda generalizada do mercado.

No terceiro trimestre, a companhia lucrou R$ 498,3 milhões, ante prejuízo de R$ 349,9 milhões no mesmo período do ano anterior.

Na análise do BTG Pactual, o balanço evidenciou trimestre de difícil transição, marcado por múltiplas paralisações de produção, por isso não mostra com precisão o potencial operacional do portfólio, embora acreditem que o mercado esperava resultados mais fortes.

“Do lado positivo, a administração reiterou mensagens importantes que apontam para melhorias no curto prazo, com esforços focados na restauração de Papa Terra, no início das operações no FPSO Atlanta e na priorização das 51 concessões que representam 90% do VPL das reservas, juntamente com potenciais desinvestimentos”, dizem os analistas.

O banco destaca ainda que os resultados reportados pela Brava são bastante distorcidos devido a ajustes proforma, não sendo facilmente comparáveis com períodos anteriores.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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