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BNDES Garantidor democratiza o CRA atraindo mais empresas do agro e investidores

09 abr 2021, 13:47 - atualizado em 09 abr 2021, 16:21
Agro
Renegociação de dívidas, custeio e investimentos terão mais apoio e segurança com BNDES garantidor de CRAs (Imagem: Pixabay)

A entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como garantidor do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) pode ser considerada como relançamento desse instrumento de renegociação de dívidas, mais ainda porque também a operação pode ser utilizada para custeio e investimento.

Como crédito é o que as empresas precisam para crescer, na ausência do sistema bancário, os CRAs agora atrairão mais investidores dispostos a comprarem, pela diminuição do risco, e, consequentemente, um maior número de ofertantes no mercado de capitais, pela queda dos juros. A base aumenta dos dois lados do balcão.

“A operação ‘herda’ o rating do BNDES, que é AAA, e, com isso, se consegue abaixar os juros”, simplifica Antônio Da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), ele foi um dos formuladores e negociadores dessa proposta, desde 2019, ao Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) e ao banco de fomento.

E à medida em que as empresas e cooperativas fazem a ponte entre produtores e o mercado de capitais, a concorrência se expande até porque vai fazer o sistema bancário tornar-se mais ativo no setor. “É um crédito do mercado de capitais versus crédito de bancos”, explica Da Luz.

A projeção de concorrência também pode ser dar com mais agentes fazendo o mesmo papel que o BNDES agora se propõe, na opinião de Moacir Teixeira, sócio-executivo da Ecoagro, uma das líderes desse nicho de mercado. “Há a possibilidade de se trazer outros players para atuarem também como garantidores das operações de CRAs”.

Ao mudar todo o jogo em um negócio de securitização – lançado na quinta (8) oficialmente com o CRA da Cotrijual, cooperativa gaúcha -, visto como mais próximo das grandes empresas, o aval do BNDES poderá democratizar o acesso a toda a cadeia do agronegócio, como lembram Teixeira e Felipe Souto, CEO da Bloxs Investimentos.

“A boa notícia é que possibilita que empresas de menor porte, com menos garantias e menos estruturadas acessem o mercado de capitais, o que fomenta a cadeia produtiva do agronegócio”, acrescenta Souto, cuja empresa também oferece estruturação de operações do mercado de dívidas dentro de seu portfólio de opções de investimentos alternativos.

No começo de 2020, Antônio Da Luz, através da sua empresa Agromoney, em parceira com a Ecoagro, lançaram o primeiro CRA de uma revenda de médio porte no Rio Grande do Sul, a Referência Agroinsumos, como publicou Money Times. E entende que as securitizadoras privilegiavam mais os grandes porque ganhavam mais para uma “operação trabalhosa e custosa” igual às feitas para empresas menores.

A concorrência também poderá alcançar essa ponta do negócio, inclusive, igualmente, podendo quebrar o teto mínimo de operações que algumas determinam por política interna.

Nessa história toda, o BNDES não usará seu funding. Vai ganhar ainda. “Pegará um pequeno percentual para garantir mais acesso ao mercado de capitais, atuando no agro multiplicado por ‘ene’ vezes com os mesmos recursos”, adiciona o economista da Farsul.

É o fomento do agronegócio, expandindo o setor, que se já é o principal da economia, será fundamental para a retomada após a crise ocasionada pela pandemia, como conclui Felipe Souto, da Bloxs.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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