Coluna da Yolanda Fordelone

Boa escola para os filhos, morar em bairro nobre: Do que você abriria mão para ter independência financeira?

11 out 2023, 9:58 - atualizado em 11 out 2023, 9:58
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“Para nos auto enganarmos, repetimos que trata-se de um investimento: a escola bilíngue super cara garantirá o futuro dos pequenos”, alerta Yolanda Fordelone, sobre as armadilhas no caminho da independência financeira  (Imagem: Piaxabay/ 14995841 )

Muitos leitores vão discordar da coluna de hoje (10), mas se quiser atingir a independência financeira você terá de abrir uma conversa com os custos inegociáveis, inclusive moradia e educação. Achamos que o gargalo dos gastos é a compra por impulso e isso realmente pode ser um problema. Só que tão importante quanto se controlar às tentações de consumo é repensar a maneira como você está vivendo.

Será que você está construindo passivos ou investimentos para a sua vida? Compramos ou alugamos um imóvel próximo ao trabalho falando que é um investimento, afinal iremos economizar tempo e transporte. Desconsideramos que podemos ser demitidos no dia seguinte.

Nos esforçamos para pagar a melhor escola bilíngue para os filhos, afinal eles precisam ser fluentes em línguas. Além de não ser garantia de bons empregos em um mercado de trabalho que exige cada vez mais outras competências que vão além do tradicional, o que é certo é que haverá uma legião de adultos dependentes dos filhos na aposentadoria.

O custo de vida é tão inflado que não houve respiro para nenhuma economia. Essa, aliás, já é uma realidade para 46% dos aposentados que dependem dos parentes para sobreviver, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com potencial de serem mais potenciais do que as compras por impulso, os gastos com estilo de vida são perigosos porque se alojam como custos fixos e tendemos a encarar como custos inegociáveis.

Robert Kiyosaki e Sharon Lechter, no best seller “Pai Rico, Pai Pobre”, chegam a desenvolver um raciocínio sobre a armadilha. É a corrida dos ratos: quando ganha dinheiro, a maioria das pessoas adquire passivos ao invés de ativos e passa a trabalhar para sustentar o que comprou, tornando escravo do dinheiro, ao invés de deixar o dinheiro trabalhar para elas.

Para nos auto enganarmos, repetimos que trata-se de um investimento. A casa pode se valorizar, o imóvel na praia trará bons momentos em família, a escola super cara garantirá o futuro dos pequenos.

No fim, o único gasto que deveria ser inegociável, seu investimento mensal, fica negligenciado.

Outros custos que minam a independência financeira

Outra atitude danosa ao bolso é desconsiderar os custos associados, aqueles que circundam o que é inegociável.

Voltando ao exemplo do imóvel bem localizado próximo ao trabalho, ao morar nos melhores bairros da cidade economizados em transporte, mas você já parou para pensar que a escola será mais cara, a academia custará mais e até o pãozinho pode ser mais pesado? Talvez no bairro mais caro você não se sinta à vontade de andar no seu carro popular e seu filho, na tentativa de pertencer ao grupo, passe a pedir um celular mais caro (acredite, já aconteceu comigo).

Quando compramos a ideia de morar próximo ao trabalho adquirimos no pacote outros milhares de custos associados e tudo tem de ser colocado na ponta do lápis.

Não é balela. Usando um exemplo pessoal, meu filho mais velho atualmente tem o custo mensal de R$ 2.944 (média de 2023), considerando escola, psicopedagoga, convênio médico e dental, jiu jitsu e outros gastos variáveis como roupa, uniforme, livros, etc. As pessoas se chocaram, quando eu expus o valor.

Na escola (muito boa na região onde eu moro, por sinal), gasto R$ 1.185 por mês. Muitos seguidores que moram em regiões mais centrais de São Paulo disseram que só de escola gastam R$ 2.900.

Hoje eu trabalho de casa e se tornou muito mais simples estar afastada, mas vale lembrar que mesmo quando era CLT e trabalhava na Faria Lima, essa foi a minha opção.

Não estou dizendo que se afastar da região central sempre será o melhor para todos os casos. Se você possui condições de pagar a escola bilíngue e morar na Faria Lima, more. Se ao colocar tudo na balança, ainda acha que é a melhor solução, siga.

O alerta é que o melhor nem sempre é o mais caro, se isso custará o seu futuro. Na jornada da independência financeira, você não deveria encarar tudo como inegociável e fixo. Tudo é passível de revisão.

Jornalista e economista. Já atuou em redações de jornal, fintech e faculdade de economia. Atualmente cria conteúdos no canal Econoweek, além de compartilhar sua rotina financeira no Instagram
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