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BOE pode cortar juro para abaixo de zero depois da pandemia

06 ago 2020, 11:16 - atualizado em 06 ago 2020, 11:16
BCE
O Banco Central Europeu implementou taxas negativas em junho de 2014, um ano após a zona euro sair de uma recessão de duplo mergulho (Imagem: Flickr/ BCE)

O Banco da Inglaterra ampliou a perspectiva de reduzir as taxas de juros para abaixo de zero — depois que a crise do coronavírus tiver passado.

A ideia de que taxas abaixo de zero podem ser mais eficazes em uma recuperação pós-pandemia, em vez do momento atual, é contraintuitivo, mas há um precedente, na opinião do presidente do BOE, Andrew Bailey.

O Banco Central Europeu implementou taxas negativas em junho de 2014, um ano após a zona euro sair de uma recessão de duplo mergulho.

“Uma conclusão que tendemos a tirar de outras experiências é que as taxas negativas e sua eficácia dependem de que ponto do ciclo você as utiliza”, disse ele a jornalistas na quinta-feira, depois que o BOE manteve os juros em 0,1%. “Se você vir o que o BCE fez em sua análise, provavelmente elas são mais eficazes em uma recuperação estabelecida do que em uma desaceleração difícil.”

O objetivo do BCE era reativar uma inflação perigosamente baixa por meio de preços de ativos mais altos e uma taxa de câmbio mais fraca.

Não foi suficiente – teve que ser seguido meses depois com flexibilização quantitativa em larga escala – embora continue cortando taxas e ainda as defendendo.

Os investidores estão apostando que o BOE dará esse passo em resposta à recessão mais profunda em séculos. Os mercados prevêem que as taxas negativas chegarão por volta de setembro de 2021.

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Com juros negativos, as margens de lucro dos bancos tendem a ficar apertadas porque eles têm que pagar uma taxa sobre os depósitos que mantêm no banco central, e não podem facilmente repassar isso para os clientes.

A conclusão – até agora – é que o impacto sobre os bancos é especialmente crucial, pois eles se preparam para enfrentar uma montanha de empréstimos de má qualidade.

A compra de títulos e o guidance sobre a direção da política monetária permanecem preferíveis no momento.

bloomberg@moneytimes.com.br