BofA revela sua principal escolha entre as construtoras; veja a visão do banco sobre o setor
O Bank of America (BofA) elevou a recomendação de Tenda (TEND3) de underperform (equivalente à venda) para compra e elegeu a companhia como sua principal escolha no setor de construção.
Em relatório, a instituição destacou que os papéis da empresa são negociados com um desconto excessivo em relação aos pares, o que resulta em um perfil de risco-retorno considerado atraente.
Para os analistas do banco, o momento operacional da construtora segue forte e deve compensar, no curto prazo, os impactos negativos da Alea — divisão do grupo focada em unidades pré-fabricadas.
Segundo o BofA, a geração de caixa consistente, a trajetória contínua de desalavancagem e a expansão do lucro sustentam a tese de investimentos da Tenda.
Além disso, a ação negocia, de acordo com a casa, a cerca de 4 vezes o lucro estimado para 2027, contra uma média de 6,5 vezes do setor.
Preferências
A Cyrela (CYRE3) também teve sua classificação elevada pelo BofA para compra, impulsionada por uma estratégia considerada “contracíclica”.
De acordo com o relatório, a companhia vem ampliando sua presença tanto no alto quanto no baixo padrão, segmentos vistos como menos sensíveis às oscilações dos juros.
Além da Tenda como principal aposta e da visão construtiva para a Cyrela, o banco ainda manteve Plano & Plano (PLPL3) com recomendação de compra, enquanto Even (EVEN3) e Eztec (EZTC3) seguem mais cautelosas, ambas com recomendação underperform.
MRV e Direcional perdem fôlego
Na outra ponta, o BofA rebaixou as ações da MRV (MRVE3) de compra para neutro, após uma valorização de cerca de 60% neste ano.
Na avaliação da casa, o mercado já precificou uma melhora adicional nas margens brutas, e a companhia ainda enfrenta um processo longo de desalavancagem. Além disso, as projeções de consenso foram classificadas “como excessivamente otimistas.”
Por outro lado, o relatório chamou atenção para o impacto de um corte de juros mais intenso do que o esperado: caso a taxa básica (Selic) termine 2026 em 10,25% — abaixo dos 11,25% projetados pelo time econômico do banco — as despesas financeiras poderiam cair cerca de 8% no setor.
Nesse cenário, o lucro por ação da MRV poderia avançar até 28%, enquanto o efeito médio nas demais empresas seria bem menor.
A recomendação para Direcional (DIRR3) também passou de compra para neutro: o BofA apontou expectativas elevadas para a receita líquida da construtora e vê impacto negativo nos resultados futuros após o anúncio de R$ 800 milhões em dividendos — valor que superou as estimativas do mercado.
Baixa renda lidera em demanda e rentabilidade
O relatório reforçou ainda a preferência pelo segmento de baixa renda, que combina demanda mais resiliente e menor sensibilidade às mudanças na taxa de juros.
“A demanda nessa categoria não é apenas menos sensível a cortes na Selic, mas também estruturalmente maior, proporcionando resiliência e escala em meio aos ciclos monetários”, pontuou a instituição.
O financiamento via FGTS, embora não esteja em expansão, também é visto pelo BofA como mais estável do que outras fontes de crédito.
Além disso, a casa avaliou que a inflação, historicamente um dos principais desafios do setor, está mais controlada, e que as empresas aprenderam com o ciclo anterior, ajustando custos e protegendo margens.
Confira as recomendações:
| Empresa | Ticker | Recomendação BofA |
|---|---|---|
| Tenda | TEND3 | Compra (top pick) |
| Cyrela | CYRE3 | Compra |
| Plano & Plano | PLPL3 | Compra |
| Even | EVEN3 | Underperform |
| Eztec | EZTC3 | Underperform |
| MRV | MRVE3 | Neutro |
| Direcional | DIRR3 | Neutro |