BofA: WEG (WEGE3) deve acelerar crescimento a partir do 2º semestre de 2026 – hora de compra?
O Bank of America manteve a recomendação neutra para a WEG (WEGE3), destacando que o crescimento robusto esperado para 2026 já está precificado. O preço-alvo das ações é de R$ 50, o que representa um potencial de valorização de 7%.
Em relatório, o banco ressaltou que a empresa reforçou suas vantagens estruturais e drivers de crescimento de longo prazo durante reunião com investidores. No entanto, desafios de curto prazo seguem presentes, como as tarifas do governo Trump e a fraca demanda doméstica de geração de energia.
A WEG estima que a receita permaneça pressionada até meados de 2026, afetada por comparações difíceis em eólica (até 4T25) e solar (até 2T26), valorização do real e pedidos de longo ciclo mais contidos, devido a incertezas sobre tarifas nos EUA e altas taxas de juros no Brasil.
A demanda de curto ciclo, entretanto, segue resiliente, apoiada por aumentos de preços nos EUA, recuperação na Europa e melhorias na Ásia e Pacífico. O crescimento deve reaccelerar a partir do segundo semestre de 2026, à medida que o impacto do real enfraquece e as comparações difíceis em renováveis terminam, com ritmo ainda mais forte em 2027 e 2028, impulsionado pela entrada em operação da nova capacidade de T&D.
Além disso, segmentos como Sistemas de Armazenamento de Energia por Bateria (BESS), condensadores síncronos, powertrain para veículos elétricos, estações de recarga, motion drives e automação devem crescer acima das linhas tradicionais, permitindo à WEG manter crescimento de dois dígitos por anos.
O banco projeta que as margens EBITDA se mantenham acima da média histórica nos próximos anos, impulsionadas pela expansão de Transmissão e Distribuição (T&D) e maior verticalização. Apesar de a maior parte das tarifas de importação de 50% dos EUA ser repassada aos consumidores, a Seção 232 (tarifa de 50% sobre aço e alumínio em produtos importados, representando 25-30% do valor dos produtos da WEG) deve impactar a lucratividade por até quatro trimestres.
Contratos recentes, entretanto, incluem cláusulas de proteção, mitigando a volatilidade futura. Uma menor participação de usinas solares também deve compensar parcialmente o impacto das tarifas no curto prazo.
Segundo o BofA, a WEG dobrará sua capacidade de transformadores até o final de 2026, em relação a 2023, em México, Colômbia e Brasil — cerca de 25% da produção até meados do ano e 75% até o final de 2026. O backlog se estende até 2028-2029, e o descompasso entre oferta e demanda deve durar 3 a 5 anos, apoiando a estabilidade de preços.
O CAPEX deve superar os históricos 3% a 5% da receita até 2026. A integração vertical, com produção interna de componentes como sistemas de resfriamento e fios, continua sendo um motor de margem, fortalecendo a competitividade futura da empresa. Além disso, uma eventual transferência da produção de transformadores para os EUA — atualmente metade é importada — também pode proteger a lucratividade da WEG.
“A integração vertical, a diversificação geográfica e os investimentos em novas tecnologias sustentam nossa tese de crescimento de longo prazo. Apesar da volatilidade de curto prazo, a flexibilidade estratégica e a inovação posicionam a WEG para manter crescimento de dois dígitos e retornos superiores”, afirmam os analistas do banco.
Entre os principais pontos de atenção para investidores, o BofA destaca o risco de competição chinesa, possíveis aumentos salariais no México, volatilidade de commodities como cobre e aço, e a elasticidade da demanda de curto ciclo após aumentos de preços, especialmente nos EUA.