Bolsas dos EUA seguem em alta apesar do shutdown do governo

Mercados americanos ignoram shutdown e atingem novas máximas, sustentados por lucros fortes, tecnologia e condições financeiras favoráveis. (Imagem: Paralaxis)

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Máxima histórica novamente. Muito se especulou sobre o shutdown dos Estados Unidos e os possíveis impactos desse evento nos mercados financeiros.

No entanto, na prática, o mercado costuma “olhar por cima” de shutdowns. Isso porque, em média, o impacto econômico é pequeno, reversível e bem documentado. A consequência prática é que ações podem subir mesmo com o governo parado, e isso não é irracional.

O que é shutdown?

O shutdown (desligamento) é a paralisação parcial do governo federal dos EUA quando o Congresso não aprova o orçamento a tempo. Serviços “não essenciais” param, e servidores são afastados sem salário até haver acordo, enquanto serviços essenciais continuam funcionando.

Historicamente, o S&P 500 fica próximo de zero ou até sobe durante shutdowns.

Compilações recentes mostram o índice praticamente de lado em vários episódios desde 1980, com os cinco shutdowns mais recentes tendo resultado positivo no S&P 500, reforçando a leitura de que o risco é visto como transitório. Em resumo, a perda de atividade é modesta e, em grande parte, recuperada depois.

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O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) estimou que o shutdown de 2018-2019 cortou US$ 11 bilhões do PIB, dos quais cerca de US$ 3 bilhões não foram recuperados, equivalendo a cerca de 0,02% do PIB anual — macroeconomicamente pequeno.

Então, o que está sustentando a bolsa americana nesses níveis?

Juros em queda, lucros consistentes, AI/capex impulsionando tecnologia e semicondutores, rotação setorial com alta em pharma e condições financeiras mais frouxas via dxy mais fraco. A temporada de balanços reforçou a solidez do setor de tecnologia, desacreditando o “screaming sell” da bolha, com lucros acompanhando os preços das ações.

Empresas em destaque:

Nvidia

Microsoft

Meta

Amazon

Além disso, temos o ciclo de cortes do Fed. Após reduzir a taxa em 25 pb em 17 de setembro e sinalizar mais cortes este ano, o mercado precifica continuidade do alívio. O próprio “apagão” de dados causado pelo shutdown tende a deixar o Fed mais cauteloso, o que o mercado interpreta como “não atrapalhar”, conforme comunicado oficial do FOMC.

Por fim, o pano de fundo de liquidez e realocações contribui para o cenário. Apesar de oscilações de fluxo, os buybacks permanecem em nível historicamente elevado (Q1 bateu recorde, Q2 ficou apenas 20% abaixo, e o S&P DJI projeta retomada próxima das máximas), amortecendo quedas e sustentando o EPS. Dólar mais fraco e yields de 10 anos sem estresse adicional completam o pacote de máximas consecutivas.