Bolsonaro afirma em audiência ter tido ‘paranoia’ sobre tornozeleira; prisão preventiva é mantida
O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou em audiência de custódia que teve uma “paranoia” causada por medicamentos que o levou a violar tornozeleira eletrônica e que não havia qualquer intenção de fuga da prisão domiciliar, segundo ata da audiência deste domingo (23).
Na audiência, realizada por videoconferência um dia após a decretação de prisão preventiva, a juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino homologou o cumprimento do mandado de prisão. A Procuradoria-Geral da República se manifestou pela regularidade da custódia cautelar, de acordo com a ata.
Bolsonaro foi preso no sábado pela Polícia Federal após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinar prisão preventiva por “risco concreto de fuga e ameaça à ordem pública”. Ele está em uma sala da Superintendência da PF em Brasília.
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Ao ser abordado em sua residência na madrugada de sábado, depois de um alerta indicando violação do dispositivo eletrônico, o ex-presidente admitiu a autoridades do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime) que usou “ferro de soldar” na tornozeleira.
Quando questionado pela juíza na audiência de custódia sobre o equipamento de monitoramento eletrônico, Bolsonaro respondeu que teve uma “certa paranoia” de sexta-feira para sábado em razão de medicamentos. Disse que começou a mexer com a tornozeleira tarde da noite e parou por volta de meia-noite, de acordo com ata da audiência.
“O depoente afirmou que estava com ´alucinação´ de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa”, informou a ata. “O depoente afirmou que não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta.”
Bolsonaro estava em prisão domiciliar rigorosa por violar medidas cautelares em um caso no qual supostamente estaria buscando a interferência dos EUA para interromper o processo criminal contra ele.
O ex-presidente foi condenado em setembro a 27 anos e três meses de prisão por conspirar para um golpe de Estado com o objetivo de se manter no poder após perder as eleições de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro foi identificado como líder e principal beneficiário de um esquema para impedir que Lula assumisse o cargo em 2023. Ele foi considerado culpado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
No entanto, o STF ainda não emitiu uma ordem de prisão definitiva nesse caso, pois Bolsonaro não esgotou os recursos.