Educação

Bolsonaro anuncia adiamento do Enem; Maia diz que projeto da Câmara não será votado hoje

20 maio 2020, 21:54 - atualizado em 20 maio 2020, 21:54
Educação-Enem
O Ministério da Educação informou nesta tarde que as datas do exame serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que estava previsto nos editais (Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que não será votado hoje o Projeto de Lei 2623/20, da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que prevê o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano em decorrência da pandemia de Covid-19. A decisão ocorre depois do anúncio de mudança das datas do exame feito pelo presidente Jair Bolsonaro em rede social.

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“Eu não posso desconfiar da palavra do presidente da República. A matéria irá a voto a qualquer momento se aquilo escrito no Facebook não for confirmado”, disse Maia.

Mais cedo, Bolsonaro afirmou que decidiu adiar a seleção. “Por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19 e para que os alunos não sejam prejudicados pela mesma, decidi, juntamente com o presidente da Câmara dos Deputados, adiar a realização do Enem 2020, com data [a] ser definida.”

O Ministério da Educação informou nesta tarde que as datas do exame serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que estava previsto nos editais.

Pelo cronograma inicial, as inscrições para o Enem terminariam na sexta-feira (22), e já são 4 milhões de candidatos. Além das provas tradicionais, nos dias 1º e 8 de novembro, estão previstas provas digitais nos dias 11 e 18 de outubro.

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A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) cobrou a aprovação do projeto. “Rede social não é documento. Vamos votar porque a Câmara precisa fazer esse gesto”, disse. Ela solicitou ainda que a autoridade sanitária também seja ouvida sobre a nova aplicação das provas do Enem.

Porém, Maia afirmou que é preciso considerar o texto divulgado em rede social como comunicado oficial da Presidência. “É assim que ele trabalha, as notas oficiais ele coloca nas redes sociais.”

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Já o líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o presidente Jair Bolsonaro foi sensível ao apelo do Legislativo. “Milhões de alunos estão mais tranquilos com a decisão do presidente”. O líder comentou que o Ministério da Educação deve publicar nos próximos dias norma com detalhamento das novas datas.

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Votação

Muitos deputados defenderam a aprovação da proposta para regulamentar o adiamento. A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), afirmou que é essencial adiar o Enem já que não é possível nem saber quando vai acabar o ensino médio. “O Enem, que já teve 9,5 milhões de inscritos, agora só tem 4 milhões. Se não tem mais inscritos é que eles não estão tendo acesso à internet ou ao estudo e podem não ter condições de fazer uma prova”, disse.

Para o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), há uma desigualdade digital no Brasil que precisa ser levada em conta para adiar o Enem. “No Nordeste, só 35% dos estudantes da zona rural têm internet. O ministro da Educação não é confiável. É importante uma lei.”

Segundo o deputado Waldenor Pereira (PT-BA), mais de 50% dos estudantes da rede pública não têm acesso à internet. “Eles estão com dificuldade para fazer suas inscrições e fazer suas atividades regulares”, disse.

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