Política

Bolsonaro aprenderá a ser presidente? A grande dúvida do mercado para 2020

22 nov 2019, 18:36 - atualizado em 22 nov 2019, 19:02
Jair Bolsonaro Aliança Pelo Brasil
Mais do que gestos, investidores esperam resultados concretos de Jair Bolsonaro no comando da agenda de reformas econômicas (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Esqueça Lula, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a freada da economia mundial. O que pode atrapalhar, mesmo, a recuperação brasileira em 2020 é a pessoa que mais deveria ajudá-la: o presidente Jair Bolsonaro.

Essa é a conclusão de um extenso relatório publicado pelo Goldman Sachs nesta sexta-feira (22) sobre as perspectivas do país no próximo ano.

“A maior preocupação do mercado não é a direção da política [econômica], mas a capacidade de implementá-la (isto é, a governabilidade). Ou seja, o elo mais fraco ultimamente é o político, mais do que a estratégia econômica, particularmente, quando se leva em conta que a taxa de aprovação do presidente se desgasta gradualmente, e sua base de apoio no Congresso permanece fraca”, afirma o banco de investimento, em relatório assinado por Alberto Ramos.

Ao longo de 12 páginas, a instituição questiona, diversas vezes, se Bolsonaro e seus aliados no Congresso conseguirão aprovar a longa pauta de reformas administrativas, fiscais e microeconômicas. E a dúvida não recai sobre a força da oposição – que, aliás, nem sequer é citada no documento -, mas na habilidade do governo de entregar o que prometeu.

Déficit de conta corrente em nível moderado (em azul) e forte fluxo de investimentos estrangeiros diretos (em vermelho) – em US$ bilhões

Fonte: Banco Central e Goldman Sachs Global Investment Research

“Como visto ao longo de 2019, as conquistas demandam mais do que apenas mera vontade; requerem capital político e habilidade de construir condições mínimas necessárias de governabilidade para avançar na agenda de reformas”, afirma o texto.

Congresso Política
Tropa desunida: brigas na base aliada preocupam os investidores (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Neste sentido, o persistente ruído político e a grande polarização, o Congresso muito fragmentado, e a ausência de uma base aliada coesa e disciplinada podem continuar a comprometer a capacidade do governo de avançar a agenda reformista com a velocidade e a profundidade necessárias”, completa o Goldman Sachs.

Boa nota

Por ora, embora reconheça o mérito das propostas do governo Bolsonaro, o banco encara as medidas aprovadas como “lentas” e “erráticas”.

Além de protelar a recuperação da economia, a falta de jeito de Bolsonaro com a presidência pode comprometer algo essencial para uma arrancada do país: a confiança dos investidores. Por outro lado, se aprender, enfim, a comandar o país, Bolsonaro pode ser premiado com a melhoria da nota de risco soberano do país – um atestado de que a saúde financeira do governo está melhor.

A possibilidade de uma alta na nota do Brasil no próximo ano ou em 2021 é admitida pelo Goldman Sachs. Para tanto, o check list do banco passa por uma inflação comportada, um crescimento acima de 2%, a melhoria, ainda que modesta, do nível de emprego, novos cortes da Selic e uma “robusta balança de pagamentos”.

“Este cenário pode levar a um upgrade no rating soberano”, afirma o banco. “Nossas linhas gerais assumem novos progressos na consolidação fiscal, e adicional, embora limitado, avanço no front da reforma estrutural”, diz. Cabe apenas a Bolsonaro mostrar que está à altura do que o mercado espera – e não apenas de seus seguidores nas redes sociais.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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