Política

Bolsonaro diz que usa o Whatsapp para mensagens pessoais e culpa mídia por tumultuar o governo

26 fev 2020, 13:15 - atualizado em 26 fev 2020, 13:15
“Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, disse o presidente (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, em publicação no Facebook, que usa o Whatsapp apenas para trocar mensagens pessoais e de forma reservada com poucas dezenas de amigos, e que qualquer “ilação” fora desse contexto é tentativa de tumultuar a República.

A publicação foi feita após o jornal O Estado de S. Paulo informar que Bolsonaro enviou ao menos dois vídeos pelo Whatsapp que convocam a população a ir às ruas em 15 de março em defesa do governo e contra o Congresso.

“Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter) onde mantenho uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional”, disse o presidente no Facebook.

“Já no Whatsapp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, acrescentou.

Um dos vídeos convocando para a manifestação de 15 de março, que está disponível no site do Estadão, contém imagens da facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha presidencial e de sua recuperação no hospital. Bolsonaro é classificado como um presidente “cristão, patriota, capaz, justo e incorruptível”.

Em um texto enviado juntamente com o vídeo, Bolsonaro escreve, de acordo com o jornal: “O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre.”

A manifestação convocada para 15 de março é uma reação à fala do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que chamou o Congresso de “chantagista” na semana passada, e defendeu que a população fosse às ruas defender o governo.

Em uma mensagem enviada por escrito ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, decano da corte, afirmou que a convocação pelo presidente para um ato contra o Congresso, se confirmada, demonstra uma “visão indigna”.

“O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República”, disse o ministro, segundo coluna da jornalista Mônica Bergamo.

A conclamação, se confirmada, revela “a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!!”, acrescentou.

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