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Bradesco (BBDC4): É hora de aproveitar a queda com o balanço para comprar as ações?

10 fev 2023, 14:08 - atualizado em 10 fev 2023, 14:11
Bradesco
Safra disse que as tarifas bancárias vieram em linha com suas estimativas. (Imagem: Adriano Machado/Bloomberg News)

O Bradesco (BBDC4) apresentou um quarto trimestre muito pior do esperado pelo mercado e as ações recuam 7% nesta sexta-feira (10) em reação ao balanço. Apesar disso, parte do sell side ainda avalia o papel do banco como “compra”, embora reconheça que há opções melhores no setor.

Segundo o BB Investimentos, o banco teve uma escalada significativa nas despesas com provisões, resultante de índices de inadimplência, que, na avaliação dos analistas, evidenciam piora em “praticamente todos os segmentos” de atuação. A piora maior, dessa vez, foi em Pequenas e Médias Empresas, segundo relatório assinado por Rafael Reis.

O Bradesco lucrou R$ 1,6 bilhão. Trata-se do pior resultado trimestral do banco desde 2006, quando teve R$ 219 milhões de lucro, segundo levantamento do TradeMap.

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, lembra que se não fosse a linha de IR/CSLL (alíquota do Imposto de Renda) positiva em R$ 1,7 bilhão, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) teria sido negativo. “Provavelmente, ROE vai cair mais um pouco no ano fechado (mesmo colocando a conta Americanas em 2022)”, disse.

Os analistas Eduardo Rosman e equipe, do BTG Pactual, chamaram a atenção para o novo guidance da companhia. Assumindo a faixa intermediária, disseram, a estimativa de lucro líquido de 2023 chega a R$ 17,5 bilhões, uma queda de 15% em relação ao ano anterior e 30% abaixo da estimativa de R$ 25,3 bilhões do BTG.

Nesse cenário, segundo eles, o Bradesco seria negociado a oito vezes o preço sobre lucro para 2023, acima do Itaú Unibanco (ITUB4), que teria o múltiplo de 7x – o que, na avaliação do BTG, é injusto, já que o Itaú é negociado historicamente com um prêmio de 15% a 20%.

Em 2021, o Bradesco reportou lucro de R$ 26,2 bilhões, apenas 2,5% abaixo de seu principal concorrente. Em 2023, a diferença provavelmente será de pelo menos 35-40%, afirma o BTG.

‘Recuperar a confiança leva tempo’

O BTG avalia que recuperar a confiança do mercado leva tempo e que o Bradesco precisaria ficar mais aberto para discutir erros. “É difícil acreditar que esse desempenho seja apenas cíclico”, disseram os analistas.

A alternativa, segundo eles, seria mostrar que o guidance pode ser alcançado ao longo do ano. “Por enquanto, o ROE de pelo menos 18% que o CEO Otavio Lazary disse à imprensa que o banco espera alcançar parece muito distante”, afirmaram.

O UBS BB afirmou que o Bradesco negocia a 0,95 vez o valor contábil reportado, o que, na avaliação dos analistas do banco, deve limitar a queda das ações. “Observamos, no entanto, que a falha foi grande e esperamos que as revisões para baixo dos lucros sejam materiais, disseram Thiago Batista e Olavo Arthuzo.

O que se salvou

O Safra disse que as tarifas bancárias vieram em linha com suas estimativas, crescendo 4,5% no trimestre, impulsionadas pelas tarifas de cartão de crédito, consórcio e assessoria.

Os resultados de seguros também surpreenderam positivamente, totalizando R$ 4,3 bilhões, 8% acima do projetado pelo banco e em um avanço trimestral de 24%. A cifra, segundo Silvio Dória e equipe, reflete uma combinação de “sólidos “resultados operacionais e financeiros.

A XP Investimentos destacou que a exposição à Americanas já está totalmente provisionada pelo Bradesco, eliminando, avaliação da corretora, possíveis impactos deste caso em 2023.

“A margem de lucro de mercado apresentou alguma melhora trimestral e os resultados de seu segmento de seguros melhoraram consideravelmente”, disseram Renan Manda e Matheus Guimarães, que assinam o relatório.

Veja as projeções e recomendações para o BBDC4

  • BTG Pactual R$: 18, neutro;
  • UBS BB: R$ 22, compra;
  • Safra: R$ 28, outperform;
  • BB Investimentos: R$ 14, underperform.

A ação do Bradesco era negociada na faixa de R$ 12,77 hoje, queda de 7%.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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