Bradesco (BBDC4): Lucro salta 39% no 1T25, chega a R$ 5,9 bilhões e bate expectativas

O Bradesco (BBDC4) reportou lucro recorrente de R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 39% em relação ao mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta quarta (7).
O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 5,3 bilhões no período e animou os investidores. As ADRs disparavam 5,2% no after-market de Nova York.
Após sequência negativa, com rentabilidade bem abaixo dos pares e índices de qualidade, incluindo inadimplência, que mostraram deterioração preocupante, o Bradesco tenta ‘acertar a mão’ no ano, algo que já foi visto no primeiro e no segundo trimestre, onde as despesas e a margem com cliente mostraram evolução.
O banco é o segundo a divulgar o seu resultado, após o Santander Brasil (SANB11) ter entregado lucro de R$ 4 bilhões.
Por outro lado, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) mostrou evolução e subiu 4,2 pontos percentuais no ano e 2,4 pp no trimestre, rompendo a casa dos 13% e indo a 14,4%, quando a maioria das casas esperava estabilidade. A Genial projetava ROE em 13,4%.
Mesmo assim, o banco não conseguiu superar a rentabilidade do seu rival, que encerrou o período com 17,4%.
Segundo o CEO, Marcelo Noronha, a melhora do lucro foi puxada pelo crescimento das receitas.
“Foi a principal razão de melhora da nossa rentabilidade e esse deve ser o padrão este ano. Avançaremos, mantendo a boa qualidade das novas safras de crédito, fazendo créditos principalmente com garantias”, disse.
“Já havíamos ajustado o nosso apetite ao risco no último quadrimestre do ano passado e por isso fomos mais seletivos na concessão de crédito, e ainda assim fizemos bons negócios”.
Para ele, o banco mostrou tração. “Nossa margem líquida cresceu. Continuamos focados no RAR [retorno ajustado ao risco] das operações”, disse.
Bradesco: Pontos de qualidade
A margem financeira com clientes, ponto onde analistas esperavam uma recuperação, melhorou 15% ante o ano passado, para R$ 16,7 bilhões.
De acordo com o banco, o número foi impulsionado pelo aumento da carteira de crédito e da taxa média.
Já a carteira de crédito expandida ultrapassou o R$ 1 trilhão, alta de 12% no ano e 2,4% no trimestre. Houve expansão de 16% na carteira de pessoas físicas e 10% na de pessoas jurídicas (empresas).
“Continuamos a reduzir o nosso apetite ao risco, sem deixar de fazer bons negócios”, afirmou o CEO.
A margem com mercado foi de R$ 462 milhões no primeiro trimestre, em razão da boa proteção dos resultados de ALM em contexto de alta da taxa Selic.
A receita atingiu R$ 32,3 bilhões, alta de 15,3%, impulsionada por forte crescimento dos três principais componentes: margem financeira total, receitas com serviços e seguros.
Já a receita com serviços do Bradesco totalizou R$ 9,77 bilhões, com alta de 10,2% no ano, mas queda de 4,8% no trimestre.
E o banco conseguiu crescer sem prejudicar a inadimplência, importante termômetro para medir a capacidade dos clientes de honrarem suas dívidas, que se manteve estável para acima de 90 dias, a 4,1%, e com queda de 0,9 ponto percentual no ano.
Para tanto, as despesas com PDD, reserva de capital que bancos fazem para lidar em casos de inadimplência, expandida recuaram 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado, a R$ 7 bilhões.
As despesas operacionais aumentaram 12,3% no ano, R$ 15 bilhões, em linha com o esperado segundo o Bradesco.
Se desconsiderar o aumento de participação na Cielo e a aquisição de 50% do Banco John Deere, as despesas cresceriam 8,8%.
“Esse ritmo de crescimento reflete em grande medida os investimentos que estamos fazendo no banco e em coligadas”.
Quando olhado somente para as despesas de pessoal e administrativas, houve crescimento de 3,7%, “abaixo da inflação no período, evidenciando o forte controle de gastos”.
Seguros
Segundo o Bradesco, o segmento de seguros brilhou, com lucro de R$ 2,4 bilhões, alta de 25,3%, ROE de 22,4%. Houve queda de 7,5 p.p. na sinistralidade em seguros de saúde.
“Nosso negócio de seguros é muito resiliente ao cenário macro desafiador, e vem apresentando melhoria de desempenho há anos. No primeiro trimestre de 2025, o destaque foi o desempenho de saúde, que registrou aumento expressivo do lucro”.